Sexta-feira, 17 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2022
O Banco Central afirmou nesta segunda-feira (18) que a realização da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) não será afetada pela greve dos servidores do órgão, em resposta a questionamento do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo o BC, em regime de contingência, os dados do Boletim Focus continuarão sendo acessados e usados pelos integrantes do comitê. Essas informações são importantes para construção de modelos de inflação e, assim, para a decisão da taxa básica de juros, a Selic.
“A realização da reunião do Copom não será afetada pela greve. A produção das apresentações de conjuntura para o Copom é atividade essencial e, portanto, será realizada durante a paralisação. Em sistema de contingência, os dados da pesquisa Focus continuarão sendo acessados e usados pelos integrantes do Copom”, disse, em nota.
A afirmação do BC contraria relatório divulgado pela ANBCB (Associação Nacional dos Analistas do Banco Central), que representa a categoria.
Segundo a ANBCB, o “apagão de dados”, sem a divulgação de diversos boletins e estatísticas pelo BC, já afeta as atividades preparatórias do Copom. “Os dados sobre Sistema Expectativas de Mercado (que compõem o Relatório Focus) e Indicadores Econômicos Selecionados não serão atualizados para a próxima reunião do Copom”, disse a associação, em nota.
“O Copom não terá acesso a informações atuais da economia brasileira sobre as estatísticas do setor externo, monetárias e de crédito e fiscais. Os últimos dados sobre estas estatísticas e disponíveis para o Copom são de janeiro de 2022. Normalmente, o Copom de maio de 2022 teria a sua disposição informações oficiais sobre estas estatísticas até março de 2022 e informações preliminares de abril de 2022”, afirma a ANBCB, em nota.
A associação tem publicado boletins diários sobre o efeito do movimento nos departamentos do BC. Nesta segunda, foi a vez do Departamento de Estatísticas (Dstat), ligado à Diretoria de Política Econômica. Segundo a ANBCB, 60% dos servidores do departamento estão em greve, incluindo chefes de subunidade, coordenadores e assessores.
“Apesar de continuar coletando informações brutas para compilar as estatísticas econômico-financeiras, os processos de compilação de estatísticas dentro do Dstat foram significativamente afetados com a operação-padrão realizada pelos servidores do departamento e estão parados com a deflagração da greve dos servidores do Banco Central do Brasil”, afirma.
O Sindicato Nacional de Funcionários do BC (Sinal) também tem defendido que as atividades preparatórias para o Copom não configuram serviços essenciais.
A greve dos servidores do BC começou no dia 1º de abril e é por tempo indeterminado, em busca de recomposição salarial de 26,3% e reestruturação de carreira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.