Domingo, 28 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de setembro de 2025
De acordo com dados oficiais, o crescimento do BC projetado para o próximo ano, se confirmado, será o menor desde 2020
Foto: ReproduçãoO Banco Central (BC) reduziu de 2,1% para 2% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. A informação consta no relatório de política monetária do terceiro trimestre. Em 2024, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira registrou uma expansão de 3,4%.
Para o ano de 2026, marcado por eleições presidenciais, o Banco Central projetou um crescimento menor ainda para o PIB brasileiro: de 1,5%. Esta é a primeira vez que a instituição divulga uma estimativa para a atividade no próximo ano.
“A projeção considera a manutenção da política monetária em campo restritivo (juros altos), o baixo nível de ociosidade dos fatores de produção, a perspectiva de desaceleração da economia global e a ausência do impulso (crescimento) agropecuário observado em 2025”, informou o BC, sobre a estimativa de nova desaceleração da economia em 2026.
De acordo com dados oficiais, o crescimento do BC projetado para o próximo ano, se confirmado, será o menor desde 2020 (quando houve retração de 3,3% por conta da covid-19).
A projeção de uma expansão menor do PIB, neste ano e no próximo, acontece em meio a um processo manutenção dos juros em patamar elevado para conter pressões inflacionárias. Representantes do BC têm dito que uma desaceleração do nível de atividade é necessária para reduzir a inflação, e trazê-la de volta para as metas.
No relatório de política monetária, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo. Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a taxa básica da economia, pela segunda vez seguida, em 15% ao ano, em setembro. Este é o maior nível em quase 20 anos.
O Banco Central informou que já vê efeito positivo da queda do dólar na inflação, mas segue sinalizando juro alto por período “bastante prolongado”. O mercado projeta início dos cortes de juros somente em 2026.
Pelo sistema de metas, cabe ao Banco Central (BC) ajustar os juros para manter a inflação dentro do intervalo estabelecido. Para isso, a instituição olha para frente, pois a Selic demora de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. Neste momento, por exemplo, o BC já considera a expectativa de inflação acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2027.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta semana, que há espaço para o juro básico da economia, fixado pelo Banco Central (BC) para conter a inflação, recuar. Para ele, a taxa “nem deveria estar no atual patamar de 15%” ao ano.
“Eu entendo que tem espaço para esse juro cair. Acredito que nem deveria estar em 15% (ao ano). Ele (presidente do BC, Gabriel Galípolo) tem os quatro anos de mandato dele, e ele vai entregar um resultado consistente ao Brasil (…). Eu não voto no Copom (colegiado do BC que define os juros). Essa opinião, boa parte do mercado compartilha”, disse Haddad, naquele momento.
O governo Lula, que busca reeleição em 2026, teme o impacto da desaceleração no emprego e na renda da população. Haddad costuma dizer que a equipe econômica busca uma expansão do PIB acima de 3% ao ano.