Terça-feira, 20 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2017
A Grã-Bretanha pode ter esperado demais para convencer grandes bancos de que é possível chegar a um acordo para suavizar o impacto do Brexit (como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia), antes que as instituições financeiras comecem a transferir os empregos de Londres.
Altos executivos de cinco dos maiores bancos na capital inglesa disseram à agência de notícias Reuters que um acordo para a saída da UE (União Europeia) provavelmente será fechado no final de negociações com Bruxelas, o que significa que eles já começaram realocar os empregados.
E um tom mais conciliador do governo em relação às empresas, depois de se abster em envolver líderes corporativos sobre o Brexit antes das eleições do mês passado, pode ter chegado tardiamente.
“O prazo para quando queríamos um acordo de transição já passou”, disse um executivo em um banco global, acrescentando que tomou a decisão de transferir centenas de funções para a Europa continental, independentemente do que o governo fizer.
O ministro das Finanças, Philip Hammond, disse na semana passada que a Grã-Bretanha deveria pressionar por um acordo de transição para ajudar as empresas, na primeira reunião de alto nível com líderes corporativos em meses para discutir o Brexit.
Mas James Bardrick, chefe britânico do Citi, disse que o governo tem sido muito lento para obter acordos antecipadamente com a Europa e os bancos terão que estar preparados até setembro de 2018.
“Houve muita conversa e não muita ação por muito tempo. Estou ansioso, está tudo um pouco atrasado”, disse Bardrick.
Os executivos dizem que o momento para realocar o pessoal e as operações é mais apertado do que parece, pois pode levar mais de dezoito meses para arranjar novos edifícios, obter licenças, contratar ou deslocar pessoal e construir a capital das divisões da UE.
O presidente do Conselho de um dos maiores bancos da Grã-Bretanha disse à Reuters que recentemente resistiu à pressão da equipe para aprovar o plano de contingência de sua empresa, mas que provavelmente terá que fazer isso logo.
“Todos os dias eu tenho pessoas que entram no meu escritório me pedindo para apertar o botão do plano de contingência”, disse ele.
Linha dura
Sessenta e cinco por cento dos europeus acreditam que a União Europeia deve seguir uma linha dura com o Reino Unido e não comprometer seus princípios nas negociações do Brexit, de acordo com uma pesquisa realizada em nove países do bloco, reportou o jornal The Guardian.
O levantamento feito no final do mês passado na Alemanha, Áustria, Bélgica, Grécia, Espanha, França, Hungria, Itália e Polônia mostrou que apenas 18% dos europeus acham que a Comissão Europeia deveria ceder para manter uma relação próxima com os britânicos durante as negociações da saída do Reino Unido. Na pesquisa similar realizada entre os britânicos, esse porcentual sobe para 49%.
A visão também é oposta quando se trata dos efeitos à União Europeia após o Brexit. Para 70% dos britânicos, a UE sairá prejudicado com a separação, enquanto menos da metade (46%) da população dos outros nove países acredita que a saída enfraquece o bloco.