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Economia Banqueiro preso dizia ter “fortes amigos” em Brasília

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Daniel Vorcaro, fundador do Banco Master. (Foto: Banco Master/Divulgação)

Antes de ser preso pela Polícia Federal (PF), o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Master, costumava reconhecer a importância da sua rede de contatos políticos. Ele dizia a pessoas próximas que havia feito “fortes amigos” em Brasília, que “no Brasil não tem como andar se não tiver esse tipo de proteção” e que, sem o apoio de poderosos, não estaria no lugar aonde chegou.

Em conversas reservadas, Vorcaro contava um episódio para ilustrar como o seu trânsito em Brasília abria portas no poder. Ele dizia que, durante as negociações com o BRB, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), havia confidenciado que ligou para um aliado político para saber mais sobre o histórico do banqueiro e que recebera “ótimas referências” dele. Essa credencial ajudou a destravar um negócio de R$ 12,2 bilhões entre a instituição financeira pública e o Master, que precisava desses recursos para sobreviver no mercado. A operação, segundo a PF, foi feita por “pura camaradagem” e tinha como objetivo “abafar a fiscalização” do Banco Central.

Procurado, Ibaneis confirma que esteve com Vorcaro “uma ou duas vezes em eventos sociais, mas nunca para tratar de banco”, porque não entende de sistema financeiro, e que o diálogo relatado pelo banqueiro nunca ocorreu. Procurada, a assessoria do dono do Master não comenta. O advogado Roberto Podval, que defende o banqueiro, classificou a prisão decretada pela Justiça como “desnecessária e ilegal”.

Entre os avalistas políticos de Vorcaro, está o senador Ciro Nogueira (PP-PI), com quem Vorcaro nutria uma relação de “grande amizade”. Ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, o parlamentar propôs no Congresso, em agosto de 2024, elevar de R$ 250 mil para R$ 1 milhão o valor da indenização paga pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para clientes que tenham aplicações financeiras como CDBs (certificados de depósito bancário) em bancos que enfrentem crise ou dificuldade para honrar os seus compromissos. Essa mudança, engavetada no Senado após pressão do mercado, favorecia o Master, porque permitiria ampliar o seu limite de captação de recursos.

Mais recentemente, o partido de Ciro Nogueira também estendeu as mãos para o Master num embate travado com o Banco Central. Durante as negociações para vender a instituição financeira de Vorcaro para o BRB, a autoridade monetária deu sinais de que poderia rejeitar a operação. Diante desse impasse, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), aliado de Ciro, articulou um requerimento para acelerar a tramitação de um projeto de lei que permitiria ao Congresso destituir presidentes e diretores do BC. A investida contou com apoio de diferentes siglas — e só não foi adiante, porque mais uma vez a pressão do mercado enterrou a manobra.

Além de cultivar a amizade com Ciro Nogueira, Vorcaro mantinha uma boa relação com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda. Os dois se aproximaram em eventos sociais em Nova York e passaram a se encontrar em Brasília e no Rio de Janeiro. Enquanto cultivava contatos políticos, o Master recebeu investimentos que somaram R$ 2,6 bilhões do Rioprevidência, responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões de servidores do Estado do Rio de Janeiro. O fundo é loteado pelo partido controlado por Rueda, que nega ter ajudado o Master em qualquer operação.

A rede de conexão política de Vorcaro se expandiu à medida que ele precisava ampliar o seu acesso em Brasília. O banqueiro contratou como consultor o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para ajudar na interlocução com o governo federal. Essa ponte rendeu acesso ao próprio presidente da República, conforme revelou o colunista Lauro Jardim. Além de Mantega, o dono do Master contava com os serviços prestados pelo ex-presidente Michel Temer e por Henrique Meirelles, ex-comandante do BC e da Fazenda.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a quem a PF é subordina, também fez parte do comitê consultivo estratégico do Master antes de integrar o governo Lula. Após se aposentar do Supremo Tribunal Federal, em abril de 2023, o jurista retomou as atividades de advogado e passou a ter uma ampla clientela. Ao retornar à vida pública, Lewandowski deixou o seu escritório e parou de advogar.

No ano passado, o banco desembolsou R$ 580 milhões em despesas com “serviços técnicos especializados”, um volume 75% superior ao de 2023, conforme mostrou a coluna Pipeline, do Valor. Boa parte do aumento se deu em função de serviços de consultoria jurídica. Dentre os escritórios de advocacia contratadas, está o Barci de Moraes, onde trabalha a esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A banca não atua na Corte.

Para se aproximar ainda mais de atores da política, no ano passado, Vorcaro comprou por R$ 36 milhões uma mansão em Brasília, localizada num condomínio fechado de um bairro nobre da capital federal. O imóvel de 1.700 metros, com uma ampla vista para o lago Paranoá, passou a ser frequentado por diferentes interlocutores influentes. Esses contatos acabaram moldando a visão do banqueiro sobre o poder. Em entrevista à revista “Piauí”, ele reconhece que a sua percepção sobre a política se tornou “menos preconceituosa”. As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/banqueiro-preso-dizia-que-tinha-fortes-amigos-em-brasilia-e-que-nao-tinha-como-andar-sem-protecao-politica/ Banqueiro preso dizia ter “fortes amigos” em Brasília 2025-11-19
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