Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2017
A base governista na Câmara dos Deputados evita declarar apoio a Michel Temer na votação da denúncia criminal apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo. Cabe à Casa dar ou não aval, com os votos de no mínimo 342 deputados, para que o STF (Supremo Tribunal Federal) possa aceitar a denúncia e abrir a ação penal.
Nessa hipótese, Temer, que é acusado de corrupção passiva, seria afastado por até 180 dias para ser julgado. Só 45 deputados responderam que votarão contra a aceitação da denúncia. Entre os apoiadores do presidente estão aliados fiéis como Carlos Marun (PMDB-MS) e Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líderes do governo na Câmara.
Já os que declaram apoio à continuidade das investigações somam 130 parlamentares, 212 a menos do que o mínimo necessário para que a denúncia seja aceita. Outros 112 afirmaram que não sabem ainda como votarão e 57 não quiseram se posicionar. Entre os deputados do PMDB, o número dos que se declararam contrários ao prosseguimento da denúncia é igual ao daqueles que afirmaram não ter posição formada a respeito do caso: 18.
No DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), nenhum deputado declarou que votará contra a denúncia. Três não quiseram se pronunciar, 13 disseram estar analisando a peça do Ministério Público e 11 não responderam à enquete. Maia declarou que não votará. Um parlamentar da sigla chegou a afirmar, em caráter reservado, que gostaria de votar com o governo, mas que a acusação é grave e necessita de análise.
Parte dos parlamentares tomou “chá de sumiço”: 168 foram contatados repetidamente pela reportagem desde terça-feira (27), mas não responderam aos telefonemas e e-mails. A maioria é de partidos da base aliada, como o próprio PMDB, que contabilizou 25 sumidos, PR, com 16, PP, com 15, ou PRB, com 12. O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), não respondeu à pesquisa.
Muitos dizem esperar decisões partidárias para declarar voto. A posição de cada sigla ou a liberação do voto aos parlamentares deve ser discutida nesta semana. “É um equívoco isso de ‘vou votar com a minha consciência'”, afirmou Marcus Pestana (PMDB-MG), um dos que esperam manifestação da legenda. “É preciso votar com a coletividade do partido, ele existe por uma razão.”
Parte dos deputados afirmou que espera manifestação da defesa de Temer, e um terceiro grupo diz que só se posicionará após o relatório da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde a peça será analisada primeiro. Outra explicação para a reticência de aliados pode estar na popularidade do presidente, que caiu a 7% – a menor em 28 anos, segundo o Datafolha –, já que a maior parte dos parlamentares deve tentar a reeleição em 2018.
Mesmo tendo decidido em reunião no início de junho permanecer na base de Temer, o PSDB segue rachado. Entre seus 46 deputados, oito declararam que votarão pela continuidade do processo. O número é maior do que o daqueles que se disseram contrários à denúncia, cinco. A liderança do partido já afirmou que deve reunir a bancada para decidir como votar após o final da análise da denúncia na CCJ, que começará nesta semana.
Após passar pela comissão, a denúncia segue para votação no plenário. Para evitar o afastamento, Temer precisa que pelo menos 172 deputados votem “não” à denúncia ou simplesmente não compareçam à sessão. A tarefa, porém, pode não ser tão fácil: a votação será nominal, e há, mesmo entre aliados, a avaliação de que os parlamentares que não aparecerem para votar podem sofrer pressão do eleitorado. (Folhapress)