Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2017
O bebê que foi baleado dentro da barriga da mãe, durante um tiroteio na Favela do Lixão, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na última sexta-feira (3), está com um coágulo na cabeça, segundo informações do secretário de Saúde de Duque de Caxias. A criança, que está internada em estado grave no Hospital estadual Adão Pereira Nunes, na Baixada Fluminense, também está paraplégica, de acordo com boletim médico.
O bebê está em estado “grave estável, em ventilação mecânica, sedado, com dreno de tórax bilateral”. O laudo também aponta uma lesão na vértebra do bebê, na altura do tórax. mãe da criança, Claudineia dos Santos Melo, está em estado “estável hemodinamicamente”, ou seja: pressão e batimentos cardíacos estáveis. Segundo a secretaria de Saúde de Caxias, ela segue em observação. Ela permanece internada no Hospital municipal Dr. Moacir Rodrigues do Carmo, também em Caxias.
O bebê estava no nono mês de gestação quando foi baleado na orelha e no ombro. O tiro entrou na coxa esquerda de sua mãe. Na ocasião, a mulher havia acabado de sair de um mercado quando começou um confronto entre traficantes da Favela do Lixão, onde mora, e policiais militares do 15º BPM (Caxias). Os PMs afirmaram , em depoimento na 59ª DP (Caxias), que foram atacados e não reagiram.
A mãe também está internada. (Foto: Reprodução)
Claudineia foi levada por moradores da favela para o hospital. Klebson Cosme da Silva, de 27 anos, pai do bebê, afirmou estar mais preocupado com a saúde do filho e da esposa do que com os culpados pelo acontecido. O casal mora há um ano e meio na Favela do Lixão. O nome que os dois escolheram dar ao filho é Arthur.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, Claudineia está lúcida, mas muito abatida. Ela recebeu visitas na tarde deste sábado e pediu informações sobre o estado de saúde do filho.
“Morando em comunidade, a gente sabe como é. Mas prefiro não falar muito sobre isso. Não quero saber quem atirou, só quero que a minha mulher e o meu filho fiquem bem. É uma preocupação dupla, mas tenho fé que eles vão ficar bem”, torce o conferente de um frigorífico, que garantiu nunca ter sido vitíma de violência até então.
“Queria que o meu filho estivesse no mesmo hospital que a mãe. Estou indo e voltando dos hospitais, tendo que levar documentos de um para o outro, é uma grande burocracia. Não quero ficar muito tempo sem ver o meu bebê”, lamentou.
Segundo Klebsom, o casal foi fazer compras no mercado localizado na entrada da comunidade. Na volta para casa, ele levou as sacolas de moto e Claudineia retornava para a residência deles, dentro da comunidade, a pé.
De acordo com o pai do bebê, depois de atravessar o sinal, a grávida foi atingida e ligou para ele fizendo que havia sido baleada, mas que estava tudo bem com o bebê. Ao chegar no hospital, Klebsom ficou sabendo o estado de saúde do filho.
Claudineia, que é tesoureira em um supermercado na Zona Sul do Rio, estava de licença-maternidade há uma semana e se preparava para a chegada de Arthur. O menino já tinha várias roupinhas e o seu carrinho, que foi comprado no dia em que Claudineia foi baleada. (AG)