Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de junho de 2019
O presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou na manhã desta sexta-feira (14) a demissão do presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), general Juarez Aparecido de Paula Cunha. Em um café da manhã com jornalistas, o chefe do Executivo federal afirmou que Cunha “foi ao Congresso e agiu como sindicalista”, em referência à participação do militar em uma audiência pública no dia 5 de junho.
Durante o encontro, ele fez críticas à privatização da estatal. Em um debate realizado na Comissão de Legislação Participativa, comandada por deputados petistas, o general fez um discurso que agradou a plateia composta por sindicalistas e servidores da empresa estatal.
“É uma empresa estratégica, autossustentável, insubstituível. Uma empresa cidadã, orgulho do Brasil”, disse Cunha. No final, o general posou para uma foto com o grupo ao lado de deputados federais do PT e do PSOL.
A venda dos Correios foi anunciada pelo próprio Bolsonaro em uma entrevista exclusiva à revista Veja, ao ser indagado sobre o que o governo federal faria após a aprovação da reforma da Previdência. “Vamos partir para a reforma tributária e para as privatizações. Já dei sinal verde para privatizar os Correios. A orientação é que a gente explique por que é necessário privatizar”, disse o presidente da República.
Com operações ineficientes e deficitárias, a estatal precisa ser vendida nos próximos cinco anos ou já não terá mais valor de mercado, de acordo com especialistas. Os cálculos preliminares feitos pela equipe do governo federal mostram que o tempo de vida útil para concretizar a venda dos Correios está em torno de 60 meses.
Desde o início do ano passado, a principal fonte de receita da estatal deixou de ser o monopólio postal – a entrega de cartas, que foram largamente substituídas por várias formas de mensagem eletrônica – e passou a ser a entrega de encomendas, mudança impulsionada, sobretudo, pelo crescimento do comércio eletrônico.
A questão é que a ineficiência da empresa na entrega final – que no jargão da área é chamada de last mile delivery – vem minando a participação dos Correios no setor. No prazo previsto pelo governo federal, as transportadoras privadas ultrapassarão a estatal na prestação desse serviço. O ponto de virada inviabilizaria por completo a venda da empresa.