Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de fevereiro de 2019
Nessa quarta-feira, durante uma reunião com a bancada do PSL – partido pelo qual se elegeu presidente da República, Jair Bolsonaro anunciou que está sendo criado um “banco de talentos” no qual os parlamentares da base poderão indicar nomes e currículos para ocuparem vagas nos segundos e terceiros escalões do governo federal nos Estados.
A plataforma digital deve ficar pronta depois do carnaval e aberta a qualquer cidadão interessado. Sua construção ficará sob os cuidados de técnicos da CGU (Controladoria-Geral da União).
A ideia básica é que os deputados e senadores da base aliada apresentem nomes para as vagas disponíveis, observando-se critérios técnicos e não políticos. Esses quadros serão avaliados pelos ministros, que farão uma espécie de processo seletivo para escolher os profissionais.
Insatisfação
Dentre os motivos para essa iniciativa estaria a interrupção em nomeações, fato que tem irritado integrantes de partidos que podem integrar a base aliada do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.
No início do mês, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, mandou suspender as nomeações e dispensas de cargos comissionados e funções de confiança para exercício em qualquer repartição federal nos Estados, por tempo indeterminado.
“Eu achei uma ótima ideia, ainda mais no meu Estado, em que há dois ministros no governo [Tereza Cristina na Agricultura e Luiz Mandetta na Saúde]”, elogiou o deputado federal Tio Trutis (PSL-MS). Para o seu colega Filipe Barros (PSL-PR), “não se trata de mais um ‘toma lá, da cá’ e sim uma forma de os parlamentares serem, de certa forma, responsáveis pelas indicações”.
O “banco de talentos” não parece ter empolgado a todos os parlamentares. A deputada Major Fabiana (PSL-RJ), por exemplo, diz ser favorável à ideia do presidente mas garante que não está interessada em indicar ninguém. “Se for para ter a minha avaliação de currículo, aí sim, tudo bem”, frisou.
Descontentamento
Apesar de Bolsonaro ter recebido a bancada do seu partido no Palácio do Planalto, uma ala da sigla segue descontente com a falta de interlocução com o presidente. Avaliam que ele conversou pouco com os deputados. “Nem cheguei a tomar café”, disse um parlamentar, em condição de anonimato.
Para ele, o presidente da República não tem dialogado com sua base, o que dificulta o processo de articulação política. “Criaram esse banco de talentos, mas duvido que o PSL vá conseguir emplacar algum nome”, prevê.
Na reunião não foi discutida também a saída de Gustavo Bebianno. “Era ele quem conversava com a gente. Agora, quem será esse interlocutor?”, questionou.