Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de janeiro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro fez uma brincadeira com a possibilidade de o ministro da Justiça, Sérgio Moro, ocupar o seu cargo em 2027 – ano que marcaria o fim de um possível segundo mandato presidencial. O comentário foi feito durante um evento com crianças venezuelanas que fazem parte da Operação Acolhida, no Palácio do Planalto.
“E a partir de 2027, quem assume aqui no Brasil? Quem assume?”, questionou Bolsonaro, enquanto apontava com um dos dedos para trás, mas sem olhar. Diretamente atrás dele estava o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e, ao seu lado, o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Toda a cena foi filmada durante transmissão ao vivo em redes sociais.
Sem querer, Bolsonaro acabou apontando para Heleno, gerando reação de surpresa do ministro. “Eu?”, questionou o general da reserva, o que provocou muitas risadas entre os presentes. Em seguida, o presidente se virou para o ministro da Justiça e brincou: “perdeu, Moro”. A fala gerou novas gargalhadas.
Bolsonaro fez o comentário em resposta ao presidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, pelo deslocamento das crianças venezuelanas. Rodgerson disse que a empresa “acredita muito” em Bolsonaro. Após as brincadeiras do presidente, Moro reagiu dizendo que espera seja criada uma linha da companhia entre Brasília e Curitiba, sua cidade, até 2027. “Espero que até lá tenha passagem”, declarou.
Críticas
Bolsonaro voltou a criticar, nesta quinta-feira (16), o governo Alberto Fernández na Argentina e disse que a decisão dos Estados Unidos de priorizar o Brasil no acesso à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é resultado da vitória do peronismo no país vizinho.
“Tivemos agora a experiência na Argentina. Primeira consequência: outros países, o americano na frente, nos fez passar na OCDE [na frente] da própria Argentina. A gente torce para que a Argentina dê certo, mas sabemos que pelo quadro político que está lá eles vão ter dificuldade. Fizeram a opção de eleger quem os colocou na situação de desgraça [em] que se encontravam”, declarou Bolsonaro, em um vídeo transmitido pelas redes sociais.
A fala de Bolsonaro ocorreu após ele assistir a uma apresentação musical de crianças venezuelanas recebidas pela Operação Acolhida —ação das forças armadas que atende e interioriza refugiados que deixaram a Venezuela em razão da crise política e econômica que assola o país.
Nesta semana, o governo dos Estados Unidos anunciou que passou a endossar como prioritária a candidatura do Brasil para acesso à OCDE.
Na prática, o gesto americano significa que Washington defende que o Brasil ocupe a vaga que era da Argentina na fila de postulantes a um lugar no chamado clube dos países ricos.
Em outubro, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, enviou um documento ao secretário-geral da entidade, Angel Gurria, em que dizia que Washington defendia as candidaturas imediatas apenas de Argentina e Romênia.
A ausência do Brasil naquele documento gerou queixas de que o alinhamento de Bolsonaro com o presidente Donald Trump não estaria trazendo os resultados esperados. Embora a reação negativa no Brasil tenha levado Pompeo a dizer que a carta não representava “com precisão” a opinião americana, a falta de um endosso mais explícito acentuou as críticas em Brasília contra o alinhamento com os EUA.
Agora, a formalização do apoio foi costurada em Washington justamente para rebater os argumentos de que o Brasil não estaria recebendo nada em troca das concessões feitas aos americanos.
Apesar de Bolsonaro ter afirmado nesta quinta que a nova posição dos americanos é uma espécie de punição contra o governo Fernández, Washington avisou a Argentina com antecedência antes do anúncio oficial de endosso ao Brasil.