Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro começou nesta quarta-feira (9), a mexer no seu governo para tentar interferir na disputa pelo comando da Câmara e demitiu o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. A troca na pasta ocorreu após Antônio expor, em um grupo de mensagens,s as articulações do governo para influenciar a sucessão do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O agora ex-ministro disse que o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, ofereceu a pasta do Turismo ao Centrão em troca de apoio ao candidato do Planalto.
Bolsonaro escolheu para a vaga o presidente da Embratur, Gilson Machado. Ao colocar um amigo pessoal no cargo, o presidente facilita uma futura troca para acomodar o Centrão em busca de votos pelo comando da Câmara. O Ministério do Turismo é bastante cobiçado pelo grupo que se aproximou do governo em troca de cargos.
A disputa na Câmara é de extrema importância para o Palácio do Planalto por duas razões: a primeira é evitar que o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adversário político do presidente, consiga fazer um sucessor, o que fortaleceria seu grupo na disputa presidencial de 2022. A outra é que ter um aliado no cargo possibilitará ao governo levar adiante sua agenda ideológica. É o presidente da Câmara quem define o que vai ou não ser votado. A aposta do Palácio do Planalto é no deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), um dos principais nomes do Centrão, que oficializou ontem a sua candidatura.
Contrariado com as negociações envolvendo a sua pasta, Antônio escreveu no grupo de WhatsApp formado por ministros: “Não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR (presidente) pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados”, disse ele.
Ao demitir Antônio, Bolsonaro o repreendeu por ter exposto divergências em um grupo de WhatsApp e disse que as diferenças deveriam ser resolvidas pessoalmente, não em público.
Na conversa com o presidente, relatada à reportagem por integrantes do governo, Antônio acusou Ramos de fazer intrigas entre ministros – ele já foi chamado de “Maria Fofoca” por Ricardo Salles, do Meio Ambiente. O agora ex-ministro do Turismo ainda citou o fato de ser um aliado fiel a Bolsonaro desde a campanha eleitoral e, apesar de ter demonstrado descontentamento, disse que seguirá apoiando o governo.
O Jornal O Estado de S. Paulo apurou que o presidente escolheu o lado de Ramos também por ter almoçado com os comandantes das Forças Armadas horas antes de o caso ganhar repercussão. Segundo um participante do almoço, desta vez Bolsonaro se viu impelido a tomar as dores do general Ramos.
Ainda como ministro do Turismo, Antônio tentou reverter a situação e enviou mensagem a Ramos pedindo perdão e admitindo ter sido injusto. Ele não aceitou.
O próprio Ramos é um dos que também devem perder o cargo para dar espaço ao Centrão. Após acumular desgastes com outros integrantes da Esplanada dos Ministérios, ele deve ser deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Jorge Oliveira, que assumirá uma cadeira no Tribunal de Constas da União (TCU) após a aposentadoria de José Mucio Monteiro.
Também é aguardada a substituição de Onyx Lorenzoni no Ministério da Cidadania.