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Por Redação O Sul | 20 de março de 2019
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (19) que liberou os vistos para turistas dos Estados Unidos viajarem ao Brasil porque, na opinião dele, os cidadãos norte-americanos não vão ao País em busca de emprego.
Bolsonaro deu a declaração em Washington (EUA), em uma entrevista coletiva em frente à Blair House, onde está hospedado desde o último domingo (17). Na segunda (18), o governo publicou um decreto assinado pelo presidente para autorizar turistas de Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão a entrarem no Brasil sem a necessidade do visto de visita.
“Ah, o visto, olha só, a gente não vê nenhum americano indo para o Brasil para ganhar estabilidade via CLT, buscar emprego lá [no Brasil]. O contrário, para cá [Estados Unidos] existe, mesmo não havendo qualquer garantia. Então, há uma diferença”, afirmou Bolsonaro.
“Agora, alguém tem que estender os braços em primeiro lugar, estender as mãos em primeiro lugar, e fomos nós. Creio que podemos ganhar muito na questão do turismo, se bem que eu sei que a questão do turismo está muito ligada à questão da segurança”, acrescentou o presidente.
De acordo com o governo federal, o decreto assinado por Bolsonaro é “unilateral”, ou seja, não prevê os mesmos benefícios para cidadãos brasileiros que viajarem aos Estados Unidos. Segundo a Embratur, a medida é inédita.
Mais cedo, nesta terça-feira, Bolsonaro se reuniu com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca. Após o encontro, os dois fizeram um pronunciamento e concederam entrevista coletiva à imprensa. Entre outros assuntos, Bolsonaro e Trump falaram sobre a Otan e sobre a crise na Venezuela.
Reação no Congresso
Nesta terça, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse ter apresentado um projeto para suspender o decreto de Bolsonaro sobre a isenção de visto. Na avaliação de Randolfe, a medida do governo ofende o princípio da reciprocidade.
“Não é aceitável que nacional norte-americano tenha liberado o visto para vir ao Brasil e os nacionais [do Brasil] não tenham o mesmo direito a ir aos Estados Unidos”, afirmou. “Parece-me que Austrália, Canadá e Japão só entraram de contrabando para justificar a subserviência do governo brasileiro, do presidente da República, não ao governo norte-americano, mas, em especial, ao senhor Donald Trump”, completou.
Outros senadores, como Eduardo Braga (MDB-AM) e Flávio Arns (Rede-AP), também questionaram a medida do governo e disseram que o tema deve ser debatido pelo Congresso.
Em 2015, no governo de Dilma Rousseff, o Brasil já havia autorizado cidadãos de Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão a ficarem dispensados do visto, desde que viajassem ao País para assistir à Olimpíada de 2016.
Dois anos depois, o Ministério do Turismo chegou a propor o fim da exigência de visto de maneira definitiva, mas o Ministério das Relações Exteriores foi contra por entender que deveria prevalecer o princípio da reciprocidade, ou seja, que os brasileiros deveriam ter os mesmos benefícios.