Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de setembro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não tem chance nas eleições presidenciais de 2022 porque é uma “ejaculação precoce”.
Na avaliação de Bolsonaro, Doria deveria pensar “talvez” somente nas eleições de 2026. “Ele não tem apoio popular”, disse na última terça (3), em um café da manhã com a Folha no Palácio do Alvorada.
Bolsonaro afirmou ainda que está disposto a concorrer à reeleição. “Pretendo sim, se estiver bem lá”, disse.
No sábado (31), em uma conversa com jornalistas, o presidente afirmou que Doria está “morto” para 2022.
Dois dias antes, acusou o tucano de ter “mamado nas tetas do BNDES” no governo do PT, em referência à compra de jatinho a juros subsidiados do banco. Doria rebateu afirmando que nunca precisou mamar em “teta nenhuma”.
No café da manhã, o presidente reclamou da cobertura da imprensa e criticou as reportagens sobre a avó da primeira-dama, Michelle.
A Folha de S.Paulo mostrou que Maria Aparecida Firmo Ferreira, de 78 anos, passou mais de dois dias aguardando atendimento deitada em uma maca no corredor de um hospital na periferia do Distrito Federal.
Ela foi transferida e submetida a uma cirurgia de urgência após o governo do Distrito Federal ser procurado pela reportagem.
Outros veículos publicaram que ela foi presa por tráfico de drogas e que dois tios maternos enfrentam problemas com a polícia.
Bolsonaro sugeriu que os jornais criem uma página fixa de notícias positivas sobre o Brasil.
Participaram da conversa, além dele, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Fábio Wajngarten, e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP). O encontro ocorreu das 7h40min às 9h10min.
O presidente comeu pão com manteiga, cuscuz e ovo mexido e bebeu café com leite.
Bolsonaro brincou com a Folha dizendo que colocaria estricnina no café dos representantes do jornal.
Em rápida entrevista aos jornalistas na porta do Alvorada, Bolsonaro comentou o encontro: “Quem foi que pediu para mim um café da manhã? Foi o Marco Feliciano, né? Fala, Marcão. Fala aí, Marcão. Por que você convidou os caras, aí, Marcão? Conta aí”.
“Só uma reunião institucional para o presidente conversar com o pessoal de imprensa. Vocês são tão amáveis com ele. Foi muito interessante”, ironizou o deputado.
Bolsonaro afirmou que não tem nada contra bater um papo com a imprensa. “Combinamos, logicamente, eu falo às vezes algumas palavras meio fortes, palavrões, não publicar nada. Acreditei na Folha, hein, que não vai ter nenhum palavrão amanhã, valeu!.”
Eleições municipais
Bolsonaro afirmou que não fechou apoio a nenhum candidato para a disputa de 2020: “Tem muita gente aí falando em meu nome, mas eu ainda não tenho ninguém”.
Aproveitou para alfinetar a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), cotada para ser a candidata do seu partido à prefeitura de São Paulo. “Joice está com um pé em cada canoa”, afirmou, referindo-se à aproximação dela com João Doria.
O presidente contou que prioriza a vitória nas seguintes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, pelo tamanho, e Boa Vista e Porto Velho, pelo “simbolismo” por receberam imigrantes venezuelanos.
Ele criticou o PSL: “Dos 55 deputados do PSL, 45 foram eleitos por minha causa. Eu queria a legenda. Se eu quiser, eu saio. O Eduardo [filho dele] não pode ser candidato [por esbarrar em dispositivo constitucional conhecido como inelegibilidade por parentesco], se não seria eleito no primeiro turno em São Paulo”.
Guedes “chucro”, Moro “ingênuo”
Bolsonaro disse que o ministro Paulo Guedes (Economia) era “chucro” politicamente, assim como o ministro da Justiça, Sergio Moro, um “ingênuo” até chegarem ao governo. Guedes foi citado no contexto sobre a relação do presidente com Moro, desgastada nas últimas semanas.
Segundo Bolsonaro, o ex-juiz federal não tinha “malícia” da política. Na sua avaliação, o nome de Moro não passaria hoje no Senado em uma indicação para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ele voltou a elogiar o ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, como cotado para o Supremo. “O André é muito bom”, disse.
A Folha questionou o presidente sobre as especulações em torno da possibilidade de Moro disputar a Presidência em 2022. “Já falamos, eu disse para ele que essa cadeira de super-homem é feita de kriptonita. Se quiser sentar, senta”.