Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de novembro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro disse na noite de quinta-feira (5) que a PF (Polícia Federal) já sabe quem é o autor do ataque hacker aos sistemas do STJ (Superior Tribunal de Justiça). O anúncio foi feito em transmissão ao vivo pela internet.
O ataque aconteceu na terça-feira (3) quando ocorriam sessões de julgamento. “Verificou-se que um vírus estava circulando na rede de informática do tribunal e, como medida de precaução, os links para a rede mundial de computadores foram desconectados, o que implicou o cancelamento das sessões de julgamento e impossibilitou o funcionamento dos sistemas de informática e de telefonia da Corte”, informou o STJ.
“[Sobre o] Hackeamento do acervo do STJ. Aí, pessoal, alguém entrou lá no acervo do STJ, Superior Tribunal de Justiça, né? Pegou tudo, pegou todo o arquivo lá, guardou e pediu resgate”, afirmou Jair Bolsonaro, dando risada em seguida, durante sua tradicional transmissão ao vivo de todas as quintas nas redes sociais. “É o Brasil, né? Pedido de resgate…”, declarou o presidente na live.
“Bem, a Polícia Federal entrou em ação imediatamente. Tive a informação do diretor-geral da PF, o senhor Rolando Alexandre. E ele já foi elogiado pelo presidente do STJ no que ele conseguiu até agora. Já descobriram quem é o hackeador. Já descobriu, Cid [assessor do presidente]? Já descobriram? Pô, o cara hackeou e não conseguiu ficar aí duas horas escondido, pô”, afirmou Bolsonaro.
A PF informou na quinta-feira que instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da invasão dos computadores do STJ. Segundo a corporação, “as diligências iniciais da investigação já foram adotadas, inclusive, com a participação de peritos da instituição. Eventuais fatos correlatos poderão ser apurados na mesma investigação, que está em andamento na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal”.
Nesta sexta-feira (6), o presidente do STJ, ministro Humberto Martins, afirmou que “o trabalho de restabelecimento dos sistemas de tecnologia da informação e comunicação do tribunal está evoluindo conforme o esperado, estando o backup 100% íntegro, bem como os dados dos cerca de 255 mil processos que tramitam na Corte”.
“Já é possível assegurar que, no próximo dia 9 de novembro – segunda-feira –, o Sistema Justiça estará operante e disponível aos ministros e servidores da Corte. Trata-se do sistema que reúne as principais funcionalidades relacionadas tanto ao processo eletrônico quanto aos julgamentos colegiados. Os serviços oferecidos aos usuários externos também poderão ser acessados pelo site do tribunal. Os processos encaminhados à Presidência estão sendo examinados e decididos dentro dos prazos estabelecidos na legislação processual”, informou o comunicado do STJ.
Após o ataque, o STJ havia afirmado que funcionaria em regime de plantão até a próxima segunda-feira (9), e “durante esse período estarão suspensas todas as sessões de julgamento por videoconferência e também as sessões virtuais destinadas à apreciação de recursos internos (agravos internos, agravos regimentais e embargos de declaração), bem como as audiências”.
“A Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (STI) está trabalhando na recuperação dos sistemas para restabelecer todos os serviços da corte o mais rapidamente possível. Nesse período, medidas urgentes como liminares em habeas corpus serão decididas pela presidência do tribunal”, disse o STJ. Humberto Martins informou que está acompanhando o inquérito sobre o caso. O site do tribunal também está com acesso limitado, mostrando apenas os detalhes sobre a resolução que determinou o regime de plantão.
A área de Tecnologia da Informação do STJ recomendou aos usuários – ministros, servidores, estagiários e terceirizados – que não utilizem computadores, ainda que os pessoais, que estejam conectados com algum dos sistemas informatizados da Corte, até que seja garantida a segurança do procedimento.
O tribunal informou que também está contando com a colaboração do Centro de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro, para auxiliar a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação do tribunal na restauração dos sistemas de informática.
O STJ afirmou que “o ataque hacker bloqueou, temporariamente, com o uso de criptografia, o acesso aos dados, os quais, todavia, estão preservados nos sistemas de backup do tribunal. Permanecem íntegras as informações referentes aos processos judiciais, contas de e-mails e contratos administrativos, mantendo-se inalterados os compromissos financeiros do tribunal, inclusive quanto à sua folha de pagamento”.