Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de junho de 2022
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar autoridades do Judiciário e acusou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, de ter cometido um “estupro” da democracia brasileira ao se reunir com embaixadores estrangeiros para defender o sistema eleitoral do País e alertar contra acusações de fraude nas eleições.
Em discurso com tom raivoso durante evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que passou a época em que decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) deveriam ser cumpridas sem discussão, e alertou que irá desrespeitar decisões da corte.
“Eu não vou viver como um rato, tem que haver uma reação”, afirmou.
Na semana passada, Fachin pediu a diplomatas estrangeiros que a “comunidade internacional esteja alerta contra acusações levianas” nas eleições, ao destacar o trabalho da corte para combater o “vírus da desinformação” que tem buscado desacreditar o atual sistema de votação por meio das urnas eletrônicas.
Na fala, Fachin não fez qualquer menção direta ao presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição e responsável por frequentes ataques – sem apresentar evidências – a supostas fragilidades das urnas eletrônicas.
No discurso desta terça-feira, Bolsonaro também criticou o Supremo pela decisão tomada mais cedo pela 2ª Turma da Corte que derrubou decisão do ministro Nunes Marques que havia suspendido a cassação do deputado estadual do Paraná Fernando Francischini (União Brasil).
O parlamentar bolsonarista havia sido cassado no ano passado pelo plenário do TSE por divulgar informações falsas sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas em 2018. Bolsonaro disse que Francischini não divulgou fake news e reiterou as denúncias de fraude naquele pleito, quando foi eleito presidente.
Ao contrário do que afirma Bolsonaro, nunca foram identificadas fraudes nas urnas eletrônicas nas eleições brasileiras.
“Não existe tipificação penal para fake news. Se tiver, que se feche a imprensa”, afirmou o presidente, em mais um ataque aos veículos de comunicação. Bolsonaro disse estar “indignado” com a decisão da Segunda Turma do Supremo. “Enquanto a gente está em evento voltado para a fraternidade, aqui do outro lado da Praça dos Três Poderes uma turma do STF, por 3 a 2, mantém a cassação de um deputado acusado em 2018 de espalhar ‘fake news’. Esse deputado não espalhou ‘fake news’ porque o que ele falou na ‘live’ (transmissão ao vivo pelas redes sociais) eu também falei para todo mundo: que estava tendo fraudes nas eleições de 2018. Quando se apertava o número 1, já aparecia o 13 (do PT) na tela e concluía a votação”, insistiu.
O presidente afirmou ser do tempo em que decisão da Justiça não era discutida, mas, sim, cumprida. “Eu fui desse tempo. Não sou mais. Certas medidas saltam aos olhos dos leigos. É inacreditável o que fazem. Querem prejudicar a mim e prejudicam o Brasil”, protestou Bolsonaro. As informações são da agência de notícias Reuters e do jornal O Estado de S. Paulo.