Quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de setembro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro embarca nesta segunda-feira (23) para Nova York, nos Estados Unidos, onde fará, nesta terça-feira (24), o seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas sob pressão para tentar reverter a imagem negativa de seu governo no exterior.
Após protagonizar polêmicas com outros líderes mundiais e conquistar a desconfiança internacional, Bolsonaro promete um pronunciamento “conciliador” em que não vai “apontar o dedo” para nenhum chefe de Estado ou governo.
Apesar disso, na avaliação de especialistas em relações exteriores e interlocutores da diplomacia brasileira, a estreia de Bolsonaro na ONU (Organização das Nações Unidas) não será suficiente para reparar os danos de declarações anteriores que ameaçam acordos comerciais e investimentos. E deverá, apontam, ser voltada para o público interno com intuito de se reforçar diante de seus apoiadores.
Além da política ambiental de Bolsonaro – que inclui a negação de desmatamento, críticas a ONGs e defesa da exploração econômica de terras indígenas e de áreas de preservação – pesam contra o presidente suas declarações sobre direitos humanos, a defesa da ditadura militar e até mesmo suas reações intempestivas às críticas.
Recentemente, o presidente francês, Emannuel Macron , a chanceler alemã, Angela Merkel, e a comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, foram alvos de ataques de Bolsonaro, o que ganhou repercussão na imprensa mundial.
É neste contexto que Bolsonaro fará o discurso de abertura da Assembleia Geral. Integrantes do Itamaraty reconhecem que esta é a participação em que o Brasil terá o ambiente mais hostil. O texto, elaborado em conjunto com os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), deve se aproximar das narrativas dos governos militares de defesa da soberania e com o argumento que apenas o Brasil tem autoridade para decidir o que faz na floresta.
Bolsonaro vai reforçar o entendimento do governo de que é preciso incentivar o desenvolvimento na Amazônia e apresentar dados que, segundo ele, mostram “a realidade do que acontece no País”. Para Bolsonaro, o Brasil é vítima de uma “perseguição internacional” de países que têm interesses em se apropriar da Amazônia. Ele ainda atribui os danos à imagem do país no exterior a grupos brasileiros que fazem oposição ao seu governo.
O presidente também deve usar seu tempo de exposição na ONU para pregar contra a esquerda, e dedicará parte de sua fala a criticar o regime de Nicolás Maduro , da Venezuela, e Cuba.
Em outro movimento que reforça a atuação de Bolsonaro como principal aliado dos Estados Unidos nas articulações contra Maduro, o Itamaraty pediu à ONU a inclusão de dois aliados de Juan Guaidó – líder opositor que se autoproclamou presidente interino, com apoio de mais de 50 países – na delegação brasileira que participará da Assembleia Geral. Com a medida, o governo Bolsonaro justificou que quer garantir a presença de representantes de Guaidó na ONU.