Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de outubro de 2019
O presidente da República, Jair Bolsonaro, retirou as indicações de Gustavo Saboia e Thiago Caldeira para ocuparem diretorias da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Antes, ele havia retirado também o nome de Ricardo Catanant, que já trabalha na agência como superintendente de Acompanhamento de Serviços Aéreos.
Os três nomes foram apresentados e retirados em 24 horas pelo governo federal. O Executivo não justificou a medida no Diário Oficial da União.
A retirada dos nomes teria ocorrido porque Bolsonaro não quer briga com o Senado, ao menos enquanto o nome de Eduardo Bolsonaro não for aprovado para a embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos.
Moro
O evento realizado na quinta-feira (03), em Brasília, para promover o pacote anticrime é mais uma etapa de uma série de aproximações entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Quando chamou Moro para compor seu time, logo após a vitória na eleição, Bolsonaro tinha consciência de que estava colocando no seu governo um ministro que dificilmente poderia demitir.
Desde então, o presidente tenta se equilibrar entre manter Moro próximo o suficiente para se beneficiar da popularidade do ex-juiz da Lava-Jato, mas com a distância regulamentar para deixar clara a sua autoridade sobre o subordinado.
Ao liberar R$ 10 milhões para uma campanha publicitária e realizar um evento no Planalto para tentar alavancar o pacote anticrime, Bolsonaro fez um movimento de aproximação com o ministro 42 dias depois de ter dado um recado claro a Moro sobre “quem manda” no governo ao ameaçar demitir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
Entrando no décimo mês na pasta, o ministro acumula derrotas dentro e fora do governo. Moro perdeu o comando do Coaf, por decisão do Congresso, e viu Bolsonaro apoiar a troca do presidente indicado por ele. Assistiu, sem protestar, o presidente determinar a troca de um superintendente da Polícia Federal no Rio, movimento que inclui a ameaça de demitir também o diretor-geral, apesar de a instituição ser subordinada ao ministro. Moro teve de desistir até da nomeação de uma suplente para um conselho da pasta porque o nome não agradou ao bolsonarismo.
No pacote anticrime, tema do evento de “aceno” de Bolsonaro a Moro, as derrotas também são em sequência. Moro entregou a proposta ao Congresso na véspera da reforma da Previdência, em fevereiro, com o objetivo de que os projetos tramitassem em conjunto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rejeitou a estratégia e, diante da insistência do ministro, Bolsonaro pediu publicamente ao subordinado para dar uma “segurada” na pressão sobre o Congresso. O grupo formado por Maia para analisar o projeto já fez profundas alterações na proposta, que chegará ao plenário com pelos menos dez mudanças em relação ao texto enviado por Moro.