Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2019
Em entrevista coletiva a jornalistas, na manhã desta sexta-feira (21), o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, se confundiu e chamou a ex-presidente argentina de Teresa Kirchner.
“Queremos recuperar 100% do que foi perdido durante a administração anterior. O Postalis (Instituto de Previdência Complementar, fundo de pensão dos Correios), comprou papeis de (Hugo) Chávez, na Venezuela, comprou de Teresa, do governo de Teresa Kirchner, na Argentina, e de Angola. E quem está pagando essa conta são os funcionários”, disse o presidente.
Mais cedo, Bolsonaro anunciou duas importantes mudanças na estrutura do governo: a ida do general Floriano Peixoto da Secretaria-Geral da Presidência para o comando dos Correios e a nomeação do atual sub-chefe de Assuntos Jurídicos da Presidência, o major da Polícia Militar Jorge Oliveira, para o lugar de Peixoto.
O presidente já advertiu inúmeras vezes contra a volta ao poder de Cristina, cuja chapa é favorita nas pesquisas nas eleições presidenciais de outubro. Durante a visita a Buenos Aires, no início do mês, Bolsonaro mais de uma vez fez advertências sobre a possibilidade do surgimento de “novas Venezuelas” na América do Sul , além de pedir que os argentinos “votem com responsabilidade, com muita razão e menos emoção”.
“Acho que toda a América do Sul está preocupada em que não criemos novas Venezuelas na região”, disse Bolsonaro em declaração ao lado de Macri na Casa Rosada no início do mês, depois da primeira reunião entre os dois.
Pesquisas
Ainda faltam quase cinco meses para as eleições presidenciais de outubro na Argentina. Para um país que já teve cinco presidentes em uma semana, em dezembro de 2001, esse tempo é uma eternidade. Hoje, porém, a sensação instalada em amplos setores da população é de que a senadora e ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner (2007-2015) é favorita para o pleito que a terá como candidata à vice-presidência.
A vantagem de Cristina aparece nas primeiras pesquisas após o anúncio de que ela acompanhará seu ex-chefe de gabinete, Alberto Fernández, numa chapa que pretende incluir outros setores do peronismo e independentes. Uma delas, realizada pela Hugo Haime e Associados, dá 41% de intenções de voto para a já chamada dupla “Fernández-Fernández” e 28,5% para o presidente Mauricio Macri que, apesar de não conseguir reverter o ambiente de insatisfação social, mantém firme sua decisão de disputar a reeleição.
Macri está enfraquecido, e isso se percebe em conversas com analistas políticos, dirigentes, empresários e eleitores que apostaram no presidente em 2015 e hoje sentem-se frustrados. O chefe de Estado representou uma esperança de mudança e melhora nas condições de vida da população, mas isso não aconteceu. Indicadores sociais mostram que a pobreza aumentou (no último ano 2,65 milhões de pessoas passaram a viver abaixo da linha da pobreza) e basta caminhar pelas ruas de Buenos Aires para constatar. No Centro, pessoas dormem nas calçadas, em alguns casos famílias inteiras, e o número de pobres pedindo dinheiro na rua aumentou de forma expressiva nos últimos meses.