Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de julho de 2015
O delator da Operação Lava-Jato Rafael Ângulo Lopes contou em depoimento que montou um verdadeiro serviço de entrega de dinheiro para políticos que hoje são investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). As entregas chegavam a 200 mil reais por vez. Lopes era o braço direito do doleiro Alberto Youssef. Ele cuidava da contabilidade. O “contador” também fez acordo de delação premiada e disse, em depoimento, que a partir de 2009 passou a viajar frequentemente para entregar dinheiro para políticos.
Ele contou que levava os maços de notas de 100 reais e 50 reais nas pernas, escondidos em meiões de futebol. Ele repassava a propina em restaurantes, hotéis, aeroportos e estacionamentos. Disse ainda que, em Brasília, fez várias entregas em apartamentos funcionais da Câmara dos Deputados.
Lopes afirmou que, entre as pessoas que receberam dinheiro dele, estão o deputado Nelson Meurer, do PP do Paraná, e os ex-deputados pelo PP João Pizzolatti e Pedro Corrêa, que hoje está preso no Paraná, e Mário Negromonte, que foi ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff e hoje é conselheiro do Tribunal de Contas dos municípios da Bahia. Todos eles estão sendo investigados por corrupção e lavagem de dinheiro no STF. São suspeitos de receber dinheiro do esquema de fraudes na Petrobras.
De acordo com Lopes, em cada viagem ele levava de 50 mil reais a 200 mil. Os investigadores acreditam que Pizzolatti e Negromonte também distribuíam a propina para outros políticos do PP. Uma vez, segundo Lopes, Negromonte teria até dado a ele uma “caixinha” de 500 reais pela entrega. A defesa de Pizzolatti disse que o ex-deputado negou ter recebido dinheiro em espécie do “contador” ou de qualquer pessoa que represente esquema de corrupção. Segundo o advogado Michel Saliba, Pizzolatti admite que pode ter recebido depósito de dinheiro em conta de valores referentes à campanha eleitoral. (AG)