Domingo, 12 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2025
Enquanto produtores rurais dos Estados Unidos enfrentam prejuízos bilionários por conta da guerra comercial travada pelo próprio governo do presidente Donald Trump, o Brasil é “o grande vencedor”, consolidando-se como superpotência global da soja, afirma a revista britânica The Economist.
“Até agora houve um grande vencedor (na guerra comercial de Trump): os produtores de soja do Brasil. A divergência entre os agricultores americanos e seus clientes chineses permitiu que o Brasil consolidasse sua posição como a superpotência mundial da soja”, afirma a revista.
De acordo com a publicação, em maio deste ano a China rompeu relações comerciais no setor de soja com os Estados Unidos, em retaliação às tarifas impostas por Trump. O rompimento foi prejudicial para agricultores do estado de Illinois e levou o governo americano a anunciar um pacote de auxílio financeiro de US$ 10 bilhões para compensar as perdas, conforme destacado pela reportagem.
Com isso, o Brasil assumiu a liderança nas exportações de soja para o mercado chinês, segundo a Economist. Isso permitiu transformar um possível excedente da produção brasileira em lucros recordes e crescimento nas exportações do agronegócio nacional, diz a reportagem.
Ainda segundo a publicação, em 2023 o Brasil exportou mais de 100 milhões de toneladas de soja (um recorde). A Economist fala em uma previsão de 110 milhões de toneladas de soja exportadas para a China apenas em 2025.
Os dados levariam o Brasil à liderança no mercado de exportação de soja para a China. Prova disso é que o governo Trump começou a articular um pacote de ajuda à agricultura local na casa dos 14 bilhões de dólares. Segundo a revista, os ganhos com a soja podem compensar as perdas causadas por tarifas americanas sobre outros produtos, como café e carne bovina.
A Economist alerta ainda que está previsto para este mês um encontro entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, durante a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês), que será realizada na Coreia do Sul. Segundo a revista, Trump já afirmou que a soja será um dos principais tópicos da discussão entre os países.
Negociação
Ainda que o tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras seja o principal tema das negociações entre Brasil e Estados Unidos, o governo brasileiro pretende conferir a mesma importância às sanções impostas contra autoridades do País.
Na avaliação do Planalto, não há como o Brasil manter o discurso de defesa da soberania se aceitar apenas concessões comerciais. O chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, definiram que uma missão brasileira deverá ir a Washington em breve, mas ainda sem data estabelecida. (Com informações do Valor Econômico e da revista Veja)