Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 29 de julho de 2015
Os governos do Brasil e da Suécia chegaram a um acordo sobre a taxa de juros do financiamento da compra dos 36 caças Gripen NG para a FAB (Força Aérea Brasileira). Com isso, o caminho está aberto para o fechamento do negócio.
Os detalhes ainda serão divulgados, mas os suecos aceitaram cobrar juros anuais de 2,19% no financiamento oferecido pela SEK (agência de promoção de exportações do país escandinavo), como o Brasil queria.
O negócio foi acertado em 2014 por 5,4 bilhões de dólares (hoje mais de 18 bilhões de reais), mas o valor deve cair porque a moeda utilizada é a coroa sueca, que perdeu valor recentemente. O pagamento do financiamento só começa em oito anos e meio, e deve durar 15 anos.
Estocolmo queria cobrar 2,54% de juros, valor da taxa em outubro de 2014, quando foi assinada a compra – a escolha do Gripen, fabricado pela Saab, ocorreram em dezembro de 2013 após 12 anos de negociações.
Só que a taxa, ditada aos países integrantes da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, flutua. Agora, está em 2,19%.
Na prática, a diferença é ínfima dentro do tamanho do contrato: 180 milhões de dólares (600 milhões de reais nesta quarta-feira, 29), mas a equipe econômica brasileira insistiu em ter algum argumento político de que buscou o melhor negócio em tempos de crise.
Segundo a reportagem apurou, os suecos abriram mão de cobrar pela diferença entre as taxas, como vinham insistindo desde a segunda-feira (27), quando uma comissão da SEK chegou a Brasília.
Em nota divulgada nesta tarde de quarta (29), a Defesa celebrou o acerto, mas não deu detalhe algum sobre as condições dele.
“Conseguimos acordar a taxa da data de assinatura do contrato. Um ganho para os dois países na consolidação dessa parceria estratégica”, afirmou o ministro Jaques Wagner.
Procurada em Estocolmo, a SEK informou que não faria comentários sobre o negócio.
Sem risco
A compra dos caças, apesar da crise econômica, não esteve sob risco. Para o Planalto, o desgaste internacional seria enorme, já que as tratativas para a aquisição e transferência de tecnologia para o Brasil já estão adiantadas.
Pilotos brasileiros treinam com o Gripen na Suécia, e a Saab já está trabalhando com Embraer e outras empresas para capacitar a indústria nacional a fornecer peças e, no futuro, montar o caça no Brasil. O último lote de aeronaves deverá sair, em 2024, da fábrica da Embraer.
Os primeiros caças, se o cronograma for mantido, deverão chegar ao Brasil em 2019. Havia a expectativa do aluguel temporário de modelos anteriores do Gripen, para adaptação dos pilotos brasileiros e para melhorar a defesa do espaço do Brasil central, hoje nas mãos de antigos caças F-5 modernizados. Mas a crise econômica praticamente enterrou essa possibilidade, levando o foco para a compra dos aviões em si. (Igor Gielow e Valdo Cruz/Folhapress)