Cláudio Humberto Brasil já vacinou o equivalente a uma França inteira
Por Cláudio Humberto | 28 de maio de 2021
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Profissionais de saúde de todo o País aplicaram até a tarde desta quinta (27) o total de 65.397.577 doses de vacinas contra Covid, desde o início da campanha de imunização, em 17 de janeiro. Apesar de alguns insistirem na lorota de que a imunização segue “a passos lentos” ou estaria até “parada”, são vacinas suficientes para aplicar ao menos uma dose nos 65,2 milhões de habitantes da França. No Brasil, 47,8 milhões de pessoas (20,8% da população) receberam ao menos uma dose.
Imunizados
Até ontem, foram 21,6 milhões de brasileiros (10,3% da população) que estão completamente imunizados contra a Covid-19.
Proporcionalmente pior
A França é o 4º país mais afetado pela pandemia, em números totais, logo atrás do Brasil. São mais de 5,6 milhões de casos e 109 mil óbitos.
Pas lents?
Segundo a plataforma Our World on Data, a França aplicou metade das doses administradas no Brasil, tendo iniciado a vacinação 21 dias antes.
Semelhantes
O ritmo proporcional de imunização é parecido. Ambos levaram cerca de 130 dias para aplicar duas doses de vacina em 10% da população.
Chinês a ser levado ‘pelo pescoço’ intriga a CPI
A exibição de gravação em que o governador João Doria, muito irritado, manda “trazer o chinês pelo pescoço”, a fim de atender a seus interesses político sobre a vacina, foi um dos momentos mais intrigantes na CPI da Pandemia, nesta quinta, durante o depoimento do diretor do Butantan, Dimas Covas. O senador Marcos Rogério (Rep-RO), gentil, achou que Doria se referia a um lobista chinês, mas na CPI todos disseram depois que o alvo do pretendido “mata-leão” era o próprio embaixador da China.
Quem é o chinês?
Governistas acham que Doria deveria ser convocado para contar, afinal, quem é o chinês que pretendia levar à sua presença “pelo pescoço”.
Gravação acidental
A irritada conversa foi gravada acidentalmente a partir de um microfone aberto sobre a mesa de Doria, após gravações para um documentário.
Explica aí
Na CPI, Dimas Covas não conseguiu articular uma explicação razoável sobre a identidade do chinês a ser levado “pelo pescoço” a Doria.
Contradição
O diretor do Butantan afirmou à CPI que a falta de dinheiro federal não atrasou o desenvolvimento da CoronaVac. Além disso, ao ser aprovada pela Anvisa, a vacina já estava contratada pelo Ministério da Saúde.
Demorou por quê?
Chegaram em 19 de novembro as 120 mil primeiras doses da vacina aqui rebatizada de CoronaVac. E somente 50 dias depois o Butantan conseguiu formalizar à Anvisa o pedido de uso emergencial.
Calendário não mente
As lorotas não resistem ao calendário. O desenvolvimento da CoronaVac só foi concluído no fim de dezembro. O Butantan pediu uso emergencial em 8 janeiro à Anvisa, e a primeira dose seria aplicada nove dias depois.
Lorota desmentida
Dimas Covas cumpriu o script do chefe João Doria, atribuindo atrasos do Butantan às “relações conflituosas” com a China. O embaixador chinês já desmentiu a lorota, contando que 80% do IFA produzido em seu país se destina ao Brasil. Sem contar o crescimento do comércio bilateral.
Convocação ‘isenta’
Fato curioso sobre a convocação dos governadores na CPI da Pandemia no Senado. Nenhum dos governadores do PSDB foi convocado, mas quatro dos nove são ou foram filiados ao PSL, ex-partido de Bolsonaro.
Democracia só na vitória
Acostumada a ganhar no STF, Joenia Wapichana (Rede) após perder votação, acusou a presidente da Comissão de Meio Ambiente, Carla Zambelli (PSL), de atropelar a Constituição. “Democracia para vocês é quando podem mandar, quando perdem é atropelo”, disse Zambelli.
Pau que bate em Chico
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) disse que médico que receita remédios sem comprovação científica devia ser preso. Sem perceber, ele parecia defender a prisão de quem receitou cloroquina para David Uip.
O que é bom se esconde
Dar esperança não é muito a praia do jornalismo de funerária. Por isso ignorou a fala do ministro Marcelo Queiroga (Saúde) prevendo que o Brasil vacinará, até o fim do ano, todas as pessoas a partir de 18 anos.
Pensando bem…
… político brasileiro é especialista: usa máscara desde muito antes da pandemia.
PODER SEM PUDOR
Um amante de gatos
O ex-presidente Jânio Quadros visitou certa vez o diplomata Guimarães Rosa. Instalado na sala do célebre autor de “Grande Sertão: Veredas”, Jânio notou que havia uma grande quantidade de gatos: “Por que tantos? Em geral as pessoas preferem cachorros…” Guimarães Rosa respondeu sem hesitações: “Porque os gatos são muitos mais fiéis ao dono. Já os cachorros se parecem com certos diplomatas, abanam a cauda para qualquer autoridade…”
Com André Brito e Tiago Vasconcelos
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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