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Por Redação O Sul | 3 de julho de 2015
Após a entrega do menino Sean Goldman, então com 9 anos, ao pai, o norte-americano David Goldman, em dezembro de 2009, o governo brasileiro demonstrou apoio ao pai e enviou um pedido de desculpas a Washington pelo tumulto gerado no consulado dos EUA no Rio de Janeiro durante o cumprimento da decisão judicial.
Em e-mail enviado a assessores de Hillary Clinton no Departamento de Estado, Patrícia Almego, então coordenadora da Autoridade Central Administrativa Federal da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, disse ser chegada a hora de Goldman “viver em paz com seu filho e viver a vida que ele merece depois de lutar tanto por tantos anos”.
“Eles [David e Sean] precisam, acima de tudo, de tempo, e agora é o governo dos EUA que deve garantir que David Goldman não tenha que enfrentar a família materna outra vez nos tribunais norte-americanos”, diz o texto assinado por Patrícia.
A mensagem está entre os centenas de e-mails da ex-secretária de Estado Hillary Clinton liberados pelo governo norte-americano na última terça (30).
Sean, filho de Goldman com a brasileira Bruna Bianchi, havia embarcado ao Brasil de férias com a mãe em 2004. Poucos dias depois da viagem, porém, Bruna avisou que não iria retornar, e então Goldman começou a brigar na Justiça pela guarda do filho.
Em 2008, com a morte de Bruna no parto da segunda filha, a disputa passou a ser travada entre Goldman e o padrasto da criança, João Paulo Lins e Silva. Após uma intensa batalha judicial, o Supremo Tribunal Federal determinou, em dezembro de 2009, que Sean ficasse com o pai.
Na mensagem liberada pelo governo norte-americano, Patrícia, que fala em seu nome “e de toda a equipe da Autoridade Central Administrativa Federal”, pediu desculpas pela forma como ocorreu a entrega no consulado do Rio, na manhã de 24 de dezembro de 2009.
Cercada por repórteres e curiosos, a família materna parou naquele dia o carro a duas quadras do consulado norte-americano e foi caminhando, com o menino, até a entrada principal. Abraçado ao padrasto, Sean chorou na chegada.
O tumulto criou, na época, uma guerra de versões entre o advogado da família, Sérgio Tostes – que disse que não havia entrada privativa no consulado para evitar o assédio –, e a representação norte-americana – que afirmou que a família poderia ter entrado pela garagem, mas optou por não fazê-lo.
Na mensagem, a coordenadora diz que Tostes não estaria aceitando o fato de “apesar de suas relações de longa data com autoridades influentes no Brasil, não ter sido capaz de ganhar o caso e de Sean estar sendo finalmente reunificado com seu único pai verdadeiro”.
Diante do texto, recebido por assessores de Hillary como uma mensagem “de coração” da representante brasileira, discutiu-se uma resposta em agradecimento escrita à mão.
“Estou encaminhando para Rob [Robert Russo, secretário de Hillary] e Huma [Huma Abedin, então vice-chefe de gabinete da secretária] para ver se conseguimos redigir essas cartas ainda nesta manhã – podem ser digitadas”, respondeu Hillary, ainda em 24 de dezembro.
Na sequência dos e-mails, a secretária de Estado aproveitou para agradecer aos assessores por seu “ótimo trabalho” naquele ano. (Folhapress)