Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de maio de 2025
O Brasil teve 45.747 homicídios em 2023, pouco mais de cinco assassinatos a cada hora. Foram registrados 21,2 casos a cada 100 mil habitantes, a menor taxa em onze anos, quando teve início a série histórica. Nas estatísticas por Unidades Federativas, os estados do Norte e do Nordeste tiveram os piores resultados, em especial Amapá e Bahia.
Os dados inéditos estão na publicação Atlas da Violência 2025, divulgada na manhã desta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os números são um compilado das estatísticas do Sistema de Informações sobre Mortalidade (Sim), do Ministério da Saúde.
Veja abaixo as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes:
Amapá – 57,4;
Bahia – 43,9;
Pernambuco – 38,0;
Amazonas – 36,8;
Roraima – 35,9;
Alagoas – 35,3;
Ceará – 32;
Mato Grosso – 30,8;
Rondônia – 30,0;
Sergipe – 29,4;
Pará – 28,6;
Maranhão – 27,9;
Espírito Santo – 27,7;
Paraíba – 26,5;
Rio Grande do Norte – 26,4;
Acre – 23,7;
Rio de Janeiro – 24,3;
Tocantins – 25,8;
Piauí – 22,0;
Goiás – 21,4;
Mato Grosso do Sul – 20,7;
Paraná – 18,9;
Rio Grande do Sul – 17,2;
Distrito Federal – 11,0;
Minas Gerais – 12,9;
Santa Catarina – 8,8;
São Paulo – 6,4.
Além dos números de 2023, o Atlas calculou as variações percentuais em relação ao ano anterior. As maiores reduções das taxas de homicídios foram registradas no Rio Grande do Norte (-18,8%), no Paraná (-15,2%) e no Amazonas (-13,4%). Já os estados com maior incremento na violência letal foram Amapá (41,7%), Rio de Janeiro (13,6%) e Pernambuco (8%).
Homicídios ocultos
O estudo chama atenção para um dado que pode elevar o número oficial de homicídios divulgado pelo Ministério da Saúde, o óbito registrado como morte violenta por causa indeterminada. Parte dessas mortes violentas, segundo o Atlas, são homicídios não contabilizados pelo Estado, pela incapacidade de identificar suas causas.
Para corrigir a estatística, o Atlas da Violência usa uma metodologia que permite chegar aos chamados “homicídios ocultos”. Segundo a pesquisa, o Brasil teve 51.608 “homicídios ocultos” entre 2013 e 2023, que passaram ao largo das estatísticas oficiais de violência. Isso significa uma média anual de 4.692 homicídios que deixaram de ser contabilizados, ou cerca de 10% do total.
“A gente precisa ter um bom termômetro para medir o fenômeno e fazer a política correta. Se o termômetro está quebrado, estamos medindo a febre a mais ou a menos, e de repente vamos tomar o remédio errado. No caso dos dados da saúde, esse termômetro estava meio desregulado, sobretudo para alguns estados. Com essa correção, nós demos visibilidade aos homicídios ocultos”, explica Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea e coordenador do Atlas da Violência.
“Tais homicídios correspondem à queda de cem Boeings 747-8i totalmente lotados, sem sobreviventes. Portanto, nos onze anos em análise, ao invés ter ocorrido 598.399, houve, na realidade, 650.007 homicídios no país. Para que se possa entender a magnitude do problema, o somatório de homicídios ocultos foi maior do que os homicídios registrados no último ano analisado”, informa trecho do estudo.
Considerando os homicídios ocultos, não há grandes alterações na posição do ranking entre estados, apesar do incremento nos números absolutos.
Tendência de queda
Daniel Cerqueira ressalta que o país vem em uma tendência nacional de queda desde 2018, ano seguinte ao pico de mortes violentas ocasionado, em grande medida, por uma guerra entre as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). Em alguns estados, entretanto, a redução é observada desde 2011.
“Quando a gente olha de forma desagregada as unidades federativas, a gente vê que esse é um processo mais longevo. Algumas já estão diminuindo a violência há muitos anos. A grande guerra do narcotráfico acabou escondendo o que estava acontecendo em vários estados brasileiros”, pontuou Cerqueira.
De 2017 a 2023, o Brasil apresentou redução expressiva nos números absolutos de homicídios. Segundo o Atlas, em seis anos o país passou de 65.602 mortes para 45.747, queda de cerca de 30%. As informações são do jornal O Globo.