Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de junho de 2025
O governo de Israel deportou nessa quinta-feira (12) o brasileiro Thiago Ávila e mais cinco ativistas, presos após serem detidos a bordo do veleiro “Madleen”, interceptado por forças israelenses no Mar Mediterrâneo no último domingo (8). A embarcação fazia parte da Coalizão Flotilha Liberdade (FFC, na sigla em inglês) e transportava itens de ajuda humanitária destinados à Faixa de Gaza. A previsão é que o brasileiro chegue à São Paulo na manhã desta sexta (13), depois de fazer uma escala em Madri, na Espanha.
Com fotos e uma pitada de deboche, o Ministério de Relações Exteriores de Israel publicou no X que “mais seis passageiros do ‘iate das selfies’ estão saindo de Israel”. “Adeus — e não se esqueçam de tirar uma selfie antes de partir”, escreveu o ministério.
O barco foi detido pela Marinha Israelense em águas internacionais do Mar Mediterrâneo a mais de 100km de distância de Gaza.
Além do brasileiro, foram deportados Mark van Rennes (Holanda), Suayb Ordu (Turquia), Yasemin Acar (Alemanha), Reva Viard (França) e Rima Hassan (França). No entanto, dois ativistas franceses, Pascal Maurieras e Yanis Mhamdi, seguem detidos na Prisão de Givon, com deportação prevista para sexta-feira.
Ávila não foi deportado imediatamente, como a ativista sueca Greta Thunberg — deportada na última terça (10) —, por ter se negado a assinar um documento que reconheceria que cometeu um “crime ao tentar entrar em Israel sem autorização”. Com isso, o brasileiro foi levado para a solitária de um centro de detenção, em uma cela escura e sem refrigeração, o que levou ele a anunciar uma greve de fome. Além disso, Israel ameaçou deixá-lo na solitária por sete dias sem contato com a defesa.
Segundo a irmã do ativista, uma das grandes preocupações de amigos e familiares era com a greve de água que Ávila anunciou que faria, além de não se alimentar.
A esposa do brasileiro foi recebida na última segunda (9) pela Secretária-Geral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Maria Laura da Rocha. Segundo o Itamaraty, durante a reunião, “a Secretária-Geral reafirmou o compromisso nacional com o Estado da Palestina, reconhecido pelo Brasil em 2010, e sublinhou a importância da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), cuja Comissão Consultiva será presidida pelo Brasil a partir de 1°’de julho”.
Interceptação
O barco “Madleen”, com bandeira britânica, operado pela FFC, partiu da Sicília em 6 de junho e esperava chegar a Gaza no final do dia do último domingo, quando ocorreu a interceptação. Entre os passageiros do barco, além de Greta e do brasileiro, estava a deputada francesa do Parlamento Europeu, Rima Hassan.
Segundo os ativistas, alarmes soaram no convés quando embarcações navais israelenses se aproximaram do navio. Eles também relataram que drones lançaram uma substância branca que teria prejudicado o sistema de comunicação da flotilha e ferido algumas pessoas a bordo. Um vídeo publicado pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel mostra um militar enviando uma mensagem de rádio à embarcação, dizendo que a “zona marítima ao largo da costa de Gaza está fechada”.
“Havia 12 trabalhadores humanitários e ativistas pacíficos a bordo, envolvidos em uma missão civil completamente não violenta”, afirmaram os ativistas em comunicado. “A apreensão do navio, realizada fora das águas territoriais de Israel, constitui uma violação flagrante do direito internacional. A tripulação civil desarmada foi sequestrada”, continuam, pedindo que a comunidade internacional condene a detenção.
Após a interceptação, Greta gravou um vídeo e afirmou que a tripulação foi “sequestrada em águas internacionais pelas forças de ocupação israelenses” e pediu pressão do governo sueco. Outro vídeo mostra os ativistas recebendo alimentos dentro da embarcação, enquanto voltavam para a costa de Israel.
Pouco antes da declaração da FFC, o Ministério das Relações Exteriores de Israel postou um vídeo no X mostrando a Marinha israelense se comunicando com o Madleen por meio de um alto-falante, instando-o a mudar de rota.
“A zona marítima ao largo da costa de Gaza está fechada ao tráfego naval como parte de um bloqueio naval legal”, disse um soldado. “Se você deseja entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, pode fazê-lo através do porto (israelense) de Ashdod.” (Com informações do jornal O Globo e agências internacionais)