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Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2019
Quando se pensa em brasileiros interessados em viver nos Estados Unidos, o que logo vem à mente são as pessoas que tentam chegar ao país atravessando a fronteira com o México longe do olhar das autoridades ou entram como turistas e acabam extrapolando o tempo do visto. Um novo perfil, porém, tem ganhado destaque. Cresce o número de profissionais com graduação e currículo extenso em suas áreas de atuação que decidem emigrar para os Estados Unidos, passando por todos os ritos legais para viver o sonho americano. As informações são do jornal O Globo.
No ano passado, o Departamento de Imigração dos EUA emitiu 4.458 vistos para brasileiros que decidiram morar, para trabalhar ou estudar, no país. O número representa um crescimento de 27,3% na comparação com o ano anterior. Até 2014, a concessão desse tipo de visto não passava de 2 mil por ano.
“Aumenta a quantidade de profissionais liberais já estabelecidos no Brasil e de executivos com experiências em grandes empresas que querem a segurança pública e a boa educação para os filhos disponíveis nos Estados Unidos”, diz Leonardo Freitas, especialista em imigração do Hayman-Woodward, escritório de advogados especializados nesse tipo de processo.
Dados do Itamaraty estimam que há 1,6 milhão de brasileiros em cidades americanas. Embora não haja pesquisas recentes, estima-se que a maioria, sobretudo de jovens, entrou no país de forma ilegal ou não voltou ao Brasil após o fim do prazo previsto no visto de turista. Mas as características de quem entra legalmente chamam a atenção.
Com base na análise dos dados oficiais do governo americano, o Hayman-Woodward publicou uma pesquisa que mostra o perfil dos brasileiros que receberam o visto de permanência no ano passado. A maior parte, 89%, tem no mínimo graduação, e 66% estão na faixa entre 30 e 49 anos. A partir do histórico de dados dos seus clientes, o Hayman-Woodward estima que a renda média do brasileiro que emigra para os EUA é de US$ 55 mil ao ano, pouco acima da renda média do americano, que é de US$ 53 mil.
“Ano a ano vem crescendo a intenção de residência permanente por parte do brasileiro. Isso começou há uns cinco anos, quando o Brasil começou a perder força econômica. Diferentemente do passado, vivemos uma fuga de cérebros. São profissionais com mestrado, doutorado”, diz Pedro Drummond, sócio da consultoria Drummond Advisors.
O Texas foi o destino de André Dayan, de 50 anos, veterinário que vendeu a empresa que tinha em Ribeirão Preto (SP) e embarcou há três anos com a família para College Station, cidade de cerca de 100 mil habitantes no Texas. As filhas hoje têm 5 e 6 anos.
“Escolhi um lugar que pudesse ser bom para educar minhas filhas. A cidade é pequena e muito segura. Claro que sentimos falta dos confortos no Brasil e da família, mas não vamos voltar tão cedo”, disse.
Dayan foi para os Estados Unidos com o visto O-1, destinado a pessoas com habilidades especiais. No caso dele, contava a experiência na área de reprodução animal. Entre o início do planejamento, o pedido de visto e a autorização, o veterinário levou cerca de um ano. Ele está agora no processo de mudar a categoria do visto para EB1, que não necessita de renovação anual e permite que o seu portador peça um green card, ou seja, estabeleça residência permanente no país.
A adaptação mais simples foi a das crianças. Para o casal, a saudade dos hábitos brasileiros é suprida da forma que é possível. Fazem caipirinha em casa e já encontraram empresas que vendem produtos brasileiros, como o filtro de barro São João — com preço de US$ 200 (cerca de R$ 815) por exemplar.
São muitas as categorias de visto para se mudar para os EUA, mas os mais pedidos são baseados em habilidades extraordinárias. Formação e experiência na área de saúde, economistas, profissionais de tecnologia da informação e piloto de avião são algumas das carreiras que têm demanda alta em solo americano.
Para quem tem a intenção de ir para os EUA se valendo da qualificação profissional, os especialistas lembram que o inglês precisa ser fluente, muito além do nível básico. Isso será necessário para facilitar a colocação no mercado de trabalho. Outro ponto é a escolha da cidade que será a nova residência. Mais importante do que escolher um lugar de que gosta ou que possa ser o destino de férias dos sonhos, o imigrante deve levar em conta as oportunidades de trabalho.
Planejamento é necessário para quem quer esse caminho. O processo, a depender do tipo de visto, pode durar de seis a 18 meses. Os gastos também variam de acordo com o tipo de visto, mas ficam entre US$ 5 mil e US$ 35 mil. Além disso, é sugerido levar ao menos entre US$ 25 mil e US$ 50 mil (a depender da cidade escolhida) para os gastos de instalação e os primeiros meses.