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Mundo Brasileiros que entraram sem visto nos Estados Unidos retornam ao Brasil para recomeçar a vida após 2 anos

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Voo que chegou a Minas nesta sexta (6) é o sétimo com deportados desde outubro. (Foto: Reprodução)

A vida de Gernúbia nos Estados Unidos não foi exatamente como imaginava. Quando deixou o Brasil com o marido e os três filhos há cerca de dois anos, o casal queria um futuro melhor para as crianças. Mas a maior parte do tempo lá, conta a moça, de 26 anos, “foi de sofrimento”.

Ela chegou de volta ao Brasil no dia 6 deste mês. O marido, Alemão, foi deportado há cerca de duas semanas, depois de ficar preso por três meses. A família, que viveu sem visto no país, não pode voltar aos EUA por 10 anos.

Em Minas Gerais, onde o casal morava antes de ir embora, a vida era estável, ainda que simples. Eles tinham casa e carro próprios – tudo tranquilo, nas palavras de Gernúbia. Por desejo do marido, venderam tudo o que tinham e pagaram um coiote para chegar aos EUA. Pegaram um voo até o México e, lá, viajaram por 3 dias, de ônibus, até Ciudad Juárez, na fronteira americana.

No limite entre os dois países, a família se separou: o marido atravessou primeiro, e, cerca de um mês depois, Gernúbia passou. Os dois disseram aos agentes de imigração que deviam dinheiro a agiotas e que não poderiam voltar para o Brasil. Não era verdade.

“Todo mundo que vem pra cá inventa. Na hora eles não pediram prova, a gente tinha que provar depois”, diz a moça.

Depois de entrar, eles tinham um ano para conseguir um advogado e dar prosseguimento à solicitação de asilo no país, mas não continuaram com o processo. Para conseguir a proteção, é preciso ter sofrido perseguição por pertencer a uma raça, religião, nacionalidade, grupo social ou ter uma opinião política específica, segundo a imigração americana.

Os EUA consideram como pedidos de asilo aqueles feitos dentro do território americano ou nos pontos de entrada, mas os dados sobre a quantidade de pedidos de asilo feitos por brasileiros não são públicos, segundo o Departamento de Imigração.

Quando os casos são julgados, poucos recebem um “sim” como resposta. Entre 2017 e 2018 (ano fiscal), das 412 decisões judiciais emitidas sobre pedidos de asilo de brasileiros ao governo americano, apenas 22 concediam a proteção, segundo dados Departamento de Justiça.

Nos dois anos anteriores a esse período, só 99 dos quase 73 mil pedidos de asilo atendidos pelo país eram de alguém do Brasil. O número corresponde a 0,001%.

O sonho americano

A própria Gernúbia poderia ficar nos EUA até outubro, mas decidiu voltar por causa de Alemão. Ela afirma que nunca gostou de morar lá, mas teme que os filhos – de 10, 8 e 3 anos – percam a fluência no inglês.

“Eles não queriam voltar de jeito nenhum, mas eu não via a hora de ir embora. Quando chegamos nos EUA, foi do jeito que eu estava imaginando, que não ia gostar. Odeio esse lugar”, diz.

O casal morava em Newark, no estado de Nova Jersey, em um bairro com grande quantidade de imigrantes hispânicos, brasileiros e portugueses. Logo que chegaram, ela e o marido precisaram usar tornozeleiras eletrônicas por três meses  e receber visitas de agentes de imigração, em casa, todas as segundas-feiras.

“Não podia sair de casa na segunda-feira de jeito nenhum. A tornozeleira, quando descarregava, apitava, e uma voz falava ‘bateria baixa, bateria baixa.’ Todo mundo olhava para a gente. No começo, até adaptar, é horrível”, conta Gernúbia.

Mesmo assim, a família criou uma rotina: as crianças foram matriculadas na escola e Alemão conseguiu um emprego, como operador de escavadeira, que lhe dava uma renda mensal de US$ 7,5 mil (cerca de R$ 29 mil), segundo relatou ao G1.

“Mas a vida não era fácil. É complicado porque a gente é imigrante, não tem muita possibilidade para fazer as coisas. Nunca levei meus filhos no hospital, porque é muito caro. E é ruim demais no frio, a gente não aguenta”, diz Gernúbia.

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