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Mundo Brasileiros relatam clima de pânico e incertezas na Grécia

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Primeiro-ministro pediu, em pronunciamento na TV, que gregos votem “não” no domingo.(Foto: Petros Karadjias/AP)

Vivendo em Atenas (Grécia) desde 2008, o brasileiro Alexandre Mitrogiannis diz que o Plano Collor e as turbulências econômicas que vivenciou no Brasil quando era jovem o prepararam para enfrentar a atual crise. A situação já se estende há anos, e o impasse com credores e o temor de uma corrida aos bancos fez com que o governo determinasse que as agências bancárias ficassem fechadas por uma semana, até segunda-feira. Os saques nos caixas automáticos estão limitados a 60 euros (208 reais) por dia.

“Pelo menos essa medida não afetou tanto nossa família, porque já tínhamos tirado nossas economias do banco”, disse. “Quem tem a experiência do Brasil dos anos 1980 e 1990, da hiperinflação e Plano Collor, já sabe onde esse tipo de crise pode chegar”, afirmou, explicando que há rumores de que as instituições bancárias podem permanecer fechadas por dois ou três meses se o país tiver de deixar a zona do euro – formada por 19 países.

Na terça-feira, o governo grego não conseguiu pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de sua dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o que complicou ainda mais sua situação. Trata-se da mais grave crise enfrentada pela zona do euro em 16 anos de história. O Banco Central da Grécia já advertiu sobre o risco de que tenha de abandonar o euro e até deixar a União Europeia se uma solução não for encontrada para liberar o pacote de resgate para o país.

A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito da Grécia de “Caa2” para “Caa3” após o país se tornar o primeiro desenvolvido a ficar inadimplente com o FMI. A perspectiva do rating também foi mantida negativa, com chance de novo rebaixamento.

Referendo

Neste domingo, será realizado um referendo sobre o acordo da Grécia com seus credores, que exigiria que o governo corte ainda mais seu orçamento. O primeiro-ministro Alexis Tsipras foi eleito em janeiro com uma plataforma antiausteridade. Ele pediu nessa quarta-feira, em pronunciamento na TV, que os gregos votem “não” no referendo. O discurso foi feito para afastar especulações de que Tsipras estaria voltando atrás em relação ao plano, de acordo com as agências de notícias internacionais. O primeiro-ministro não aceita a proposta de auxílio da Europa, pois ela impõe mais medidas de austeridade.

Uma pesquisa do jornal grego Efimerida ton Syntakton, feita no final de junho, aponta que 54% dos que planejam votar no referendo escolheriam o “não” contra 33% que defenderiam o “sim”. Entretanto, uma comparação com entrevistas antes e após a decisão tomada pelo governo de fechar os bancos mostra que a diferença entre os dois campos está diminuindo, destacou a agência de notícias Reuters.

“A atmosfera é de pânico. Talvez a situação nem seja tão ruim como alguns imaginam, mas a boataria sobre o que pode acontecer [se a Grécia sair do euro] faz com que haja muito medo e tensão no ar”, relatou a professora de língua portuguesa e Literatura brasileira Debora Arruda Pio, que vive em Atenas há 16 anos. “No sábado, as pessoas correram para o supermercado para comprar comida por temor de que haja um desabastecimento. No fim do dia, todas as prateleiras estavam vazias. Parecia que tinha ocorrido um bombardeio em Atenas.”

Depois do anúncio do fechamento dos bancos, as filas em postos de combustíveis e nos caixas eletrônicos também teriam se multiplicado, conforme relatos dos brasileiros. “Todo mundo quer garantir seus 60 euros, por isso as filas duram até tarde da noite”, afirmou a dentista brasileira Márcia Papoudos, que também vive em Atenas.

Muitas famílias que vivem na Grécia temem perder parte das economias no banco se o país voltar a utilizar o dracma, moeda que circulava antes. É por isso que algumas pessoas estão guardando euros em casa, contou Alexandros Gantzias, presidente da Associação Lar Brasileiro na Grécia. “Cerca de 30 bilhões de euros já foram sacados dos bancos gregos nos últimos meses.”

Proposta

A Grécia confirmou nessa quarta-feira que enviou aos credores na véspera “uma nova proposta com uma série de modificações” em relação à que foi apresentada. O documento, obtido pelo jornal britânico Financial Times, rejeitou o aumento do imposto cobrado em hotéis, mas concordou com reduções de gastos e com reformas.

“A nova proposta do governo grego pede um novo acordo que defina as questões de financiamento, com o Mecanismo Europeu de Estabilidade, para que a dívida seja viável e favoreça uma perspectiva de crescimento”, afirmou, por meio de comunicado, uma fonte oficial. O objetivo, destacou, é “chegar a um acordo reciprocamente benéfico”. (AG)

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https://www.osul.com.br/brasileiros-relatam-clima-de-panico-e-incertezas-na-grecia-2/ Brasileiros relatam clima de pânico e incertezas na Grécia 2015-07-02
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