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Geral Brasileiros viram “moradores-fantasmas” de vilarejos na Itália para evitar a fila de mais de uma década para obter a cidadania italiana

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Golpistas criaram a falsa nação chamada "Estado Teocrático Antártico de San Giorgio", que teria soberania e privilégios autónomos "em virtude do Tratado Antártico de 1959". (Foto: Reprodução)

A prefeita de Ospedaletto Lodigiano, um pacato vilarejo com pouco menos de 2 mil habitantes no Norte da Itália, está preocupada. “Estamos vivendo um período terrível. Nossa cidade agora vai ficar conhecida por esse escândalo”, diz Lucia Muzzi.

A prefeita está se referindo à revogação da cidadania italiana de mais de mil brasileiros, ordenada por ela própria no início de fevereiro. A decisão foi uma das consequências de uma operação realizada em julho de 2017 pela Guardia di Finanza, polícia especial que investiga crimes financeiros e de corrupção, entre outros.

Isso culminou na prisão de quatro pessoas: um casal de brasileiros, que são donos de uma agência de imigração, um comissário de polícia e um funcionário da prefeitura. Todos são acusados de ajudarem a fraudar o processo de obtenção da cidadania por meio de falsos atestados de residência conferidos aos brasileiros.

“Fomos vítimas de um golpe. Desde então, nossos funcionários têm trabalhado quase exclusivamente para contornar a situação”, afirma Muzzi.

Milhares de brasileiros descendentes de italianos têm recorrido a esta e outras cidades do país para dar entrada em seus pedidos – caso sejam confirmados como cidadãos italianos, poderão viver e trabalhar legalmente em qualquer país da União Europeia e visitar lugares como os EUA sem a necessidade de visto, entre outras vantagens.

No Brasil, com uma estimativa de 450 mil descentes de italianos nas filas dos consulados, o processo pode levar até 13 anos. Na Itália, tudo é resolvido em questão de meses. Por isso, uma alternativa para quem tem condições financeiras é contratar intermediários no país europeu, pagar entre 4 mil e 6 mil euros (R$ 16 mil a R$ 24 mil) e fazer as malas para ir para lá.

A lei diz que pessoas com direito à cidadania italiana podem realizar o processo em qualquer cidade, mas devem morar no país durante o andamento do processo e registrar moradia junto aos cartórios municipais. Muitos brasileiros, uma vez concluído o trâmite, vão embora – tudo dentro da lei. Mas permanecem cadastrados como residentes.

Isso isso vem causando problemas para algumas dessas cidades. Em alguns locais, há suspeitas de irregularidades e, no caso de Ospedaletto Lodigiano, a fraude foi confirmada, e as cidadanias conferidas, canceladas.

No total, 1.188 brasileiros declararam residir em Ospedaletto Lodigiano entre julho de 2015 e julho de 2017 – 899 já tinham obtido o passaporte europeu, enquanto os demais aguardavam, fora da Itália, que os documentos fossem enviados por intermediários pelo correio.

“Sinceramente, não sei se os brasileiros que constam desta lista estavam ou não agindo com boa-fé, mas, com certeza, se essas pessoas tivessem efetivamente se transferido para a nossa cidade, qualquer um teria notado. Não temos nem hotéis na cidade. É impossível que todos eles tenham estado aqui”, afirma a prefeita.

Problemas

A 400 km de distância dali, no vilarejo de Val di Zoldo, em meio aos Alpes italianos, no Nordeste do país, os brasileiros já são quase metade dos 3,2 mil moradores registrados. Mas quase todos eles hoje não vivem mais na cidade.

Os brasileiros descendentes de italianos costumam se hospedar em uma casa no pé das montanhas para adquirir a residência na cidade, condição primordial para o processo. Depois da inspeção oficial, vão embora, tudo dentro da lei.

Só no último semestre, Val di Zoldo recebeu 14 novos pedidos de registro de residência, o que vem criando problemas para a administração municipal.
“Não estamos preparados para isso”, diz o prefeito, Camillo De Pellegrin, apontando para as duas funcionárias do departamento demográfico, cercadas pela papelada e pilhas de arquivos que crescem sobre as mesas.

Além de cuidar dos processos de cidadanias, elas precisam atender as necessidades de quem realmente vive ali. Uma das funcionárias conta que costumava levar quatro meses para dar conta de um processo. “Mas, agora, deve atrasar, porque estamos sozinhas”, diz ela, acrescentando não ter detectado nenhuma irregularidade até agora.

 

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