Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Rogério Pons da Silva | 18 de novembro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Foi preciso uma certa coragem para abordar o tema, uma vez que já temos polêmicas e divisões políticas bem acirradas, e agora venho com mais essa!
Mas os argumentos são bons e existem fortes indícios de que a teoria é válida.
Fomos ensinados que o nome do Brasil deriva de uma árvore cuja a madeira vermelha (pau-brasil) foi o primeiro produto explorado pelos portugueses com objetivo principal de produzir tintura vermelha para tecidos.
Que a madeira foi retirada, não há nenhuma dúvida.
O ponto de discórdia é que o vocábulo brasa em português, sempre foi escrito com a letra “S”. Mesmo no português arcaico.
Vamos lá…
Em 1505, aparece pela primeira vez o nome Brazil para designar as terras portuguesas e escrito com Z, porém a primeira exportação de Pau-brasil para Portugal foi em 1511, ou seja, o nome já estava consagrado mesmo antes do início da exploração.
E assim se seguiu por 426 anos, até o decreto do então Presidente Getúlio Vargas em 1931, alterando a grafia de então, Estados Unidos do Brazil para Estados Unidos do Brasil com S.
Salientando que neste período 400 anos a palavra brasa sempre foi escrita com a letra S tanto em Portugal como aqui no Brasil.
Portanto, a questão etimológica da origem pela madeira se enfraquece, porém reforça um sentimento nacionalista pela lembrança da exploração do Brazil – colônia pelos portugueses até a independência em 1822.
Mas o argumento de maior peso é que vem agora. A lendária ilha dos marinheiros celtas chamada Hy-Brazil ou Ilha de São Brandão.
A origem vem da mitologia celta com origens entre gregos e fenícios que deixaram de comercializar com os celtas, um produto conhecido como cinábrio (um pigmento vermelho à base de sulfeto de mercúrio.)
O nome Hy-Brazil, equivalente breazáil, ou simplesmente brazil, que depois aparece em castelhano como barcino ou bracino e em português como varzino ou brazino como designação dada à cor dos bovinos avermelhados.
Com o fim deste comércio (segundo a mitologia celta), os gregos e fenícios desapareceram nas brumas do Atlântico.
Tornando-se um povo mítico e afortunado, que nunca voltaram à “Irlanda”, porque viviam felizes na misteriosa e paradisíaca ilha do Brazil.
Esta ilha do Brazil (imaginária) foi depois incorporada em contexto mais vasto das ilhas míticas, ligando-se à grande tradição atlântica das ilhas de São Brandão, monge e navegador irlandês.
Na cartografia medieval europeia inclui com grande constância a Ilha do Brazil.
A posição e as dimensões da ilha variam de carta para carta, mas a partir de meados do século XIV antes dos descobrimentos, a ilha começa consistentemente a ser colocada no Atlântico Norte centro-ocidental.
A procura da Ilha do Brazil foi uma constante nas navegações renascentistas do Atlântico até 1624.
Desde o oeste da Irlanda, seu lugar inicial, depois a ilha migrou para oeste, primeiro para os Açores, onde a atual ilha Terceira aparece por vezes com esta designação e onde, muito antes do descobrimento do Brasil.
Dos Açores deslocou-se para sudoeste, primeiro para as Caraíbas, para depois se fixar no litoral do atual Brasil. E mais somente depois de décadas que se consolidou o entendimento que se tratava de um continente e não de uma ilha ou um arquipélago.
Assim, é razoável admitir que a origem do nome Brasil não seja por causa da cor da madeira Pau-Brasil, mas sim pela tradição da cultura náutica de encontrar a misteriosa e mítica ilha Brazil.
(Rogério Pons da Silva – Jornalista e empresário – Rponsdasilva@gmail.com)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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