Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de outubro de 2025
A lendária atriz francesa Brigitte Bardot voltou para casa após uma cirurgia que exigiu hospitalização em Toulon, no sul da França, informou sua equipe em um comunicado enviado à agência de notícias AFP na última sexta-feira (17).
A ícone do cinema francês, de 91 anos, “foi brevemente hospitalizada no hospital particular Saint-Jean, em Toulon, para uma pequena cirurgia, que foi realizada com sucesso”, disse o comunicado.
“Ela agora está descansando em casa, não atenderá a nenhuma solicitação e agradece a todos por respeitarem sua privacidade e tranquilidade”, acrescentou a mesma fonte.
Bardot também queria “agradecer a todos que se preocupam com sua saúde e tranquilizá-los”, assim como “agradecer à equipe cirúrgica e a toda a equipe que garantiu a sua recuperação”.
Nascida em Paris, em 28 de setembro de 1934, Brigitte Anne-Marie Bardot formou-se em balé clássico no Conservatório Nacional de Música e Dança antes de ser descoberta pelo cinema. Aos 15 anos, já estampava capas de revistas como Elle, iniciando sua trajetória como modelo.
Ela estreou nas telonas em 1952, no filme A Garota do Biquíni, mas foi em 1956 que ganhou fama mundial com E Deus Criou a Mulher, dirigido por seu então marido, Roger Vadim. O longa, repleto de sensualidade e ousadia para a época, foi censurado em Hollywood – o que apenas aumentou sua popularidade.
Descrita como “a mulher que inventou Saint-Tropez”, Bardot transformou-se em um ícone da liberdade sexual feminina, desafiando padrões conservadores e provocando escândalos onde passava. Em 1957, padres em Nova York chegaram a pedir que fiéis boicotassem seus filmes, e o Vaticano a classificou como “má influência”. O resultado foi o oposto: as filas nos cinemas só cresceram.
“Lá está Brigitte, esticada de ponta a ponta da tela, de cabeça para baixo e nua como o globo ocular de um censor”, ironizou um crítico da época.
Durante sua carreira, Bardot atuou em mais de 45 filmes e gravou 70 músicas, tornando-se referência estética e cultural. Ela criou a “pose Bardot” – sentada, pernas cruzadas e olhar provocante – e popularizou o decote ombro a ombro, que até hoje leva seu nome.
A atriz teve quatro casamentos: com Roger Vadim (1952–1957), Jacques Charrier (1959–1962), Gunter Sachs (1966–1969) e Bernard d’Ormale, seu atual marido desde 1992. Com Charrier, teve seu único filho, Nicolas-Jacques, em 1960, mas manteve uma relação conturbada.
“Não fui feita para ser mãe”, admitiu Bardot anos depois. “Adoro animais e crianças, mas nunca fui adulta o suficiente para cuidar de uma criança.”
Nicolas foi criado pela família paterna e só se reconciliou com a mãe décadas depois, em 1996.
Apaixonada e impulsiva, Bardot também viveu romances com o cantor Sacha Distel e com o ator Warren Beatty. “Sempre busquei paixão”, disse ela. “Quando ela acabava, eu fazia as malas.”
Bardot deixou o cinema em 1973, aos 39 anos, para dedicar-se à defesa dos animais. Em 1986, criou a Fundação Brigitte Bardot, que atua em resgate, proteção e campanhas de esterilização. Vegetariana convicta, chegou a doar mais de £ 90 mil (R$ 657 mil) para ajudar cães de rua em Bucareste e ameaçou se mudar para a Rússia após um zoológico francês negar tratamento a dois elefantes doentes.
Apesar da carreira humanitária, sua imagem se viu novamente cercada por polêmicas. Em 2004, foi condenada por incitação ao ódio racial em um livro, e seu apoio à extrema direita francesa, especialmente à candidata Marine Le Pen, reacendeu debates sobre sua figura pública.
“Bardot é Bardot”, disse a escritora Marie-Dominique Lelièvre, amiga próxima. “Ela desafia qualquer definição.” As informações são da agência de notícias AFP e do jornal O Globo.