Segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2025
Está em debate na Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara de Vereadores de Porto Alegre o projeto de lei nº 326/2025, que prevê a exigência de atestado médico para inscritos em corridas de rua na capital gaúcha. A proposta é de Moisés Barboza (PSDB), que também sugere o uso do Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q), cujo objetivo é identificar eventuais impedimentos de saúde a quem pretende realizar exercícios físicos de alto impacto.
“Se um entre 100 mil atletas se perguntar se está sentindo dores e procurar um médico, tenham certeza de que está paga a conta”, exemplificou. “Se o projeto fosse um empecilho, hoje seria retirado, mas acredito que a iniciativa tem o papel de conscientizar as pessoas”.
No dia 7 de junho, durante a 40ª Maratona de Porto Alegre, o jovem João Gabriel Hofstatter De Lamare morreu ao sofrer mal-súbito quando já havia completado 20 dos 21,1 quilômetros da modalidade de meia-maratona, no mesmo dia de seu aniversário de 20 anos.
Ele chegou a ser socorrido por uma das equipes médicas que prestam suporte ao evento. Mas teve o óbito constatado no local, o trecho da avenida Padre Cacique próximo à Fundação Iberê Camargo, no bairro Cristal (Zona Sul).
Morador da capital gaúcha, João Gabriel cursava a faculdade de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, na Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Ele era praticante de atividades físicas e esportes (incluindo atletismo) desde a adolescência.
Com a palavra…
Vice-presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref), Rodrigo Campos defendeu que o atestado médico é importante, mas que não impede que algo aconteça. Ele defende que o questionário PAR-Q é mais importante e conscientiza os usuários: “O profissional da categoria tem capacidade de testar seu aluno e indicar, se necessário, a necessidade de um exame médico”.
Já Cleimar Rodrigo Tomazelli, representando empresas de assessoria esportiva, questionou a chamada “indústria do atestado”, em que documentos desse tipo são obtidos mediante pagamento. Ele defendeu que o PAR-Q seria a melhor solução e que campanhas de conscientização devem ser desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Saúde.
Também citou o óbito do jovem João Gabriel: “Se pegarmos um todo, como a maratona com 25 mil pessoas, ainda é uma vida, e é importante. É obrigação dos profissionais de Educação Física, vereadores e profissionais da saúde conscientizar a população sobre a prevenção”.
Integrante do Conselho Municipal de Desporto, Luciane Citadin compartilhou o sedentarismo como maior causa de morte e reforçou que a educação da população ainda é a melhor possibilidade. Além disso, demonstrou a preocupação com a população de baixa renda e em como eles chegariam aos exames.
A médica do Esporte, Rosemary Petkowicz, observou que para pessoas sedentárias não podem ser criados obstáculos para que comecem a prática de atividade física. Mas para quem vai entrar em esportes de alto rendimento e competitivos, precisa ser alertado sobre os riscos. “O PAR-Q é o mínimo, mas a conscientização é essencial. E as assessorias são uma grande ferramenta na causa”, completou.
Representando a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Aline Bonatto explicou que o uso do atestado médico não é algo produtivo, porque eles atestam no momento da consulta e isso não é garantia. O PAR-Q é um questionário eficiente e que gera conscientização em quem responde:
“Quanto menos conseguir colocar barreiras para atividade física é melhor. Menos barreiras e mais campanhas de conscientização. A ideia da secretaria é fazer, uma vez por mês, aulões com os profissionais de saúde e Educação Física conscientizando a população dos exames de prevenção”.
O secretário municipal de Esportes, Professor Tovi, complementou sobre a importância da divulgação sobre o assunto e a prevenção a doenças e riscos de saúde, e colocou as assessorias de corrida como ajudantes da causa: “Nossa preocupação é a conscientização e a melhoria, não só da corrida, mas em todos os esportes. Porto Alegre é a capital da corrida de rua, mas também o maior número relativo a indivíduos com sedentarismo. Isso precisa mudar”.
(Marcello Campos)