Sábado, 22 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de setembro de 2016
A Câmara dos Deputados se preparava na noite desta segunda-feira (19) para votar uma proposta que criminaliza o caixa 2, que é a doação eleitoral não declarada à Justiça Eleitoral, mas, sob pressão de alguns partidos, o texto acabou sendo retirado de pauta. Na prática, como a lei só poderá ser aplicada a partir da sua aprovação pelo Congresso, o texto abriria uma brecha para anistiar quem fez uso de contribuições ilegais em eleições anteriores.
A inclusão do texto na pauta foi feita de última hora, o que provocou protestos em plenário, principalmente de deputados do PSOL, da Rede e do PSD. Houve tumulto entre os parlamentares, que se revoltaram com a situação.
A costura do texto havia resultado de uma articulação suprapartidária, que vinha sendo feita havia algumas semanas, com o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tanto por partidos governistas, como PMDB, PSDB, DEM, PR e PP, como da oposição, como o PT.
Diante da polêmica em plenário, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara que presidia os trabalhos, aceitou uma sugestão do líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), um dos parlamentares à frente das negociações, e retirou o projeto da pauta. Em seguida, a sessão foi encerrada.
Inicialmente, a sessão da Câmara havia sido convocada para votar outras matérias e a previsão era de que, em seguida, ocorresse uma sessão conjunta do Congresso Nacional, com senadores e deputados. No entanto, conforme as articulações foram ganhando corpo, uma nova sessão da Câmara foi aberta para viabilizar a votação do texto sobre caixa 2, o que provocou o cancelamento da sessão do Congresso.
Colocou-se em pauta um projeto que tratava sobre questões eleitorais e estava com a tramitação parada havia quase dez anos. No entanto, esse projeto tinha uma urgência aprovada anos atrás, o que permitia que fosse votado a qualquer momento. A estratégia regimental seria apresentar um substitutivo a esse projeto antigo.
Quando a pauta foi anunciada, houve uma revolta generalizada no plenário. A sessão chegou a ser suspensa por cerca de uma hora. Enquanto isso, os líderes envolvidos nas negociações se reuniam a portas fechadas para discutir os termos finais de um texto que seria proposto em substituição ao que estava na pauta.
A proposta era usar como base uma das medidas apresentadas pelo Ministério Público Federal ao Legislativo de criminalizar o caixa 2. A proposta faz parte de um pacote com dez medidas de combate à corrupção e que recebeu o apoio de 2 milhões de assinaturas de cidadãos comuns.
Atualmente, o político que faz uso dele pode ser punido por falsidade na prestação de contas, com pena de até 5 anos de prisão. Uma proposta do Ministério Público Federal quer que os partidos também sejam punidos pela prática. Além da criminalização de caixa 2, um grupo defendia que houvesse uma emenda anistiando o caixa 2 praticado em eleições anteriores. Diante da repercussão negativa, acabou-se abrindo mão desse trecho.
O acordo final entre os partidos era que o líder do PR, Aelton Freitas (MG), seria o relator e apresentaria o substitutivo, mas ele nem chegou a fazê-lo porque a sessão foi encerrada antes. (AG)