Quarta-feira, 03 de dezembro de 2025
Por Gisele Flores | 3 de dezembro de 2025
Empresário Sérgio Gabardo, ao lado do diretor da Transrio Ronaldo.
Foto: Divulgação
O empresário Sérgio Gabardo, da Transportes Gabardo, avalia que uma eventual greve prevista para esta quinta (4/12) não deve ser interpretada como movimento político, mas como resposta às condições adversas enfrentadas pela categoria.
Entre os principais problemas, ele cita as leis trabalhistas rígidas e inaceitáveis, que obrigam motoristas a cumprir horários de descanso sem que haja infraestrutura adequada. “O motorista é obrigado a parar, mas não tem ponto seguro. Muitas vezes fica vulnerável a assaltos e roubos”, afirma.
Gabardo também destacou os pedágios elevados, especialmente em trechos como o de Camaquã, na BR-116, onde o custo da tarifa pode superar o gasto de diesel no mesmo percurso. “É um absurdo. O pedágio deveria oferecer contrapartida, mas não há segurança nem estrutura”, critica.
Outro desafio é a escassez de motoristas dispostos a permanecer na estrada. “O transportador não encontra mais profissionais comprometidos. Muitos não querem viajar porque as condições são ruins. Só continuam porque algumas empresas ainda conseguem pagar bem”, explica. Ele lembra que, em alguns casos, motoristas deixam de ir para casa por causa de atrasos de apenas dez ou vinte minutos, o que gera frustração e desmotivação.
Para Gabardo, a crise é estrutural: há caminhões retidos por falta de pagamento e empresas em dificuldade financeira. Ele reforça que não viu motoristas se mobilizarem por razões políticas. “Se a pauta for política, o movimento perde força. Mas se for pelas condições reais de trabalho, aí sim tem fundamento”, conclui.
Gabardo defende que o debate seja centrado em condições de trabalho, segurança, pedágios e infraestrutura viária, e não em disputas ideológicas. Para ele, se houver paralisação, será por sobrevivência da categoria e não por motivação política.