Por Redação O Sul | 21 de setembro de 2025
Cerca de 10 países também devem anunciar a decisão durante a Assembleia da ONU.
Foto: ReproduçãoPouco depois de Canadá e Austrália, o Reino Unido reconheceu neste domingo (21) o Estado da Palestina, na véspera da Assembleia Geral da ONU em Nova York, nos Estados Unidos, onde cerca de 10 países também devem anunciar a decisão. O gesto de Londres tem peso simbólico: o país foi protagonista na criação de Israel após a Segunda Guerra e, desde então, se manteve como aliado. Portugal também deve formalizar o reconhecimento ainda neste domingo.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que a medida pretende “reavivar a esperança de paz” na guerra entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza.
“Hoje, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina para reavivar a esperança de paz entre palestinos e israelenses e uma solução de dois Estados”, escreveu Starmer no X.
“Esta solução não é uma recompensa para o Hamas, porque eles não têm futuro e nenhum papel no governo e nem na segurança. O Hamas é uma organização terrorista brutal”.
Em julho, Starmer já havia sinalizado que o Reino Unido reconheceria o Estado palestino na Assembleia Geral da ONU caso Israel não cumprisse compromissos como um cessar-fogo em Gaza. A promessa se confirmou, mas o anúncio ocorreu um dia antes do encontro em Nova York.
Anthony Albanese, o primeiro-ministro da Austrália, disse que o reconhecimento do Estado palestino é parte de um esforço coordenado com o Canadá e o Reino Unido, e formará “um esforço internacional para uma solução de dois Estados”.
“O presidente da Autoridade Palestina reafirmou seu reconhecimento do direito de Israel existir e assumiu compromissos diretos com a Austrália, incluindo compromissos de realizar eleições democráticas e promulgar reformas significativas nas finanças, governança e educação. A organização terrorista Hamas não deve ter nenhum papel na Palestina”, afirmou Albanese.
Por sua vez, Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestina, afirmou que o reconhecimento do Reino Unido levará a uma “paz duradoura”
“Sua Excelência elogiou o reconhecimento do Estado independente da Palestina pelo Reino Unido, afirmando que constitui um passo importante e necessário para alcançar uma paz justa e duradoura, em conformidade com a legitimidade internacional”, afirmou o gabinete de Abbas, que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, em um comunicado.
Já o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciou que a “Palestina foi reconhecida pelo Canadá como um Estado, tornando o país a primeira nação do G7 a reconhecer um Estado palestino, assim como o Reino Unido.
“O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece nossa parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina quanto para o Estado de Israel. O Canadá faz isso como parte de um esforço internacional coordenado para preservar a possibilidade de uma solução de dois Estados”, declarou o premier.
Reação de Israel
Também neste domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a criação de um Estado palestino colocaria em risco a sobrevivência de Israel e insistiu que será contrário aos esforços neste sentido na Assembleia Geral da ONU.
“Precisaremos lutar, tanto na ONU quanto em todas as outras arenas, contra a falsa propaganda dirigida a nós e contra os apelos por um Estado palestino, que colocaria nossa existência em risco e serviria como uma recompensa absurda para o terrorismo. A comunidade internacional nos ouvirá sobre este assunto nos próximos dias”, disse.
Em resposta ao anúncio dos três países, o ministro da Segurança Nacional israelense, Itamar Ben Gvir, pediu a anexação da Cisjordânia.
Nos últimos meses, vários países tradicionalmente aliados de Tel Aviv reconheceram o Estado palestino, em um contexto marcado pela intensificação da ofensiva militar na Faixa de Gaza. Quase 75% dos 193 países membros da ONU reconhecem o Estado palestino, proclamado em 1988 pela liderança palestina.
O governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, criticou a iniciativa. Durante uma visita de Estado ao Reino Unido, na última quarta-feira, o presidente Donald Trump expressou oposição à decisão britânica durante uma entrevista coletiva conjunta com Starmer.
“Tenho uma discordância com o primeiro-ministro nesse aspecto”, disse Trump na ocasião.
