Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de março de 2023
O estudo também confirmou que o risco de câncer de mama diminui nos anos posteriores à interrupção do uso de contraceptivos.
Foto: FreepikTodos os contraceptivos hormonais resultam em um risco levemente maior para o desenvolvimento de um câncer de mama, inclusive aqueles que contêm apenas progesterona, aponta um novo estudo publicado na revista científica PLOS Medicine.
Os pesquisadores que conduziram o trabalho enfatizaram que esse aumento no risco deve ser ponderado em relação aos benefícios dos anticoncepcionais com hormônios – incluindo até mesmo a proteção oferecida contra outros tipos de câncer entre mulheres.
“Ninguém quer ouvir que algo que toma aumentará o risco para câncer de mama”, afirmou Gillian Reeves, professora da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e coautora do estudo. Mas “o que estamos falando aqui é de um aumento muito pequeno no risco absoluto”, enfatizou, durante entrevista coletiva.
“Esses aumentos no risco de câncer de mama, claro, têm que ser vistos no contexto do que sabemos sobre os muitos benefícios do uso de contraceptivos hormonais, não apenas em termos de controle de natalidade, mas também porque sabemos que os contraceptivos orais, na verdade, oferecem uma proteção substancial e a longo prazo contra outros cânceres femininos, como os de ovário e endométrio”, acrescentou a professora.
Os pesquisadores explicam que a maior probabilidade de um tumor na mama decorrente dos contraceptivos que combinam progesterona e estrogênio já era bem conhecida, porém até agora poucas pesquisas se concentravam naqueles com apenas progesterona, versão cujo uso vem aumentando na última década.
No novo trabalho, os cientistas concluíram que o risco de uma mulher desenvolver o problema é quase o mesmo entre os contraceptivos que contêm estrogênio e progesterona e aqueles que contêm somente a progesterona.
Segundo a pesquisa, as mulheres que usam contraceptivos hormonais têm um risco aumentado de cerca de 20% a 30% de câncer de mama, independentemente do método escolhido – como pílula, DIU, implante ou injeção – ou das duas fórmulas usadas.
Levando em conta que as chances de se desenvolver câncer de mama aumentam com a idade, os autores do estudo calcularam o excesso de risco associado aos contraceptivos hormonais no decorrer do tempo.
Para as mulheres que tomaram os anticoncepcionais durante um período de cinco anos entre os 16 e os 20 anos, isso representou oito casos de câncer de mama a cada 100 mil indivíduos. Já entre os 35 e 39 anos, foram 265 casos a cada 100 mil mulheres.
Risco temporário
O estudo também confirmou, assim como outros anteriores, que o risco de câncer de mama diminui nos anos posteriores à interrupção do uso de contraceptivos hormonais. Stephen Duffy, professor da Universidade Queen Mary de Londres, no Reino Unido, que não participou do estudo, descreveu as descobertas como “tranquilizadoras, porque o efeito é modesto”.
O trabalho envolveu dados de quase 10 mil mulheres com menos de 50 anos que tiveram câncer de mama entre 1996 e 2017 no país, onde o uso de anticoncepcionais contendo apenas progesterona é tão amplo quanto o do método combinado com estrogênio.
A versão somente com progesterona é recomendada para mulheres que estejam amamentando, que têm risco de problemas cardiovasculares, ou para fumantes com mais de 35 anos.
Entre os fatores que explicam o aumento do seu uso pode estar o fato de “as mulheres estarem tomando anticoncepcionais mais tarde”, o que faz com que, naturalmente, apresentem essas condições em maior quantidade, explica Gillian Reeves.