Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de abril de 2023
A combinação de uma vacina experimental da Moderna com o imunoterápico Keytruda (pembrolizumabe), da MSD, reduziu em 44% o risco de morte ou reincidência do tipo mais letal de câncer de pele. Os resultados do teste clínico de fase 2b foram apresentados na reunião anual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer, realizada em 16 de abril em Orlando, nos Estados Unidos.
Liderado por pesquisadores da Universidade de Nova York , o estudo randomizado de fase 2b envolveu homens e mulheres que fizeram cirurgia para remover o melanoma dos gânglios linfáticos ou de outros órgãos e apresentavam alto risco de a doença retornar em locais distantes do câncer original.
Os resultados mostraram que entre os 107 indivíduos que receberam a vacina experimental, chamada mRNA-4157/V940, e a imunoterapia pembrolizumabe, apenas 22,4% apresentaram reincidência ou faleceram após dois anos de acompanhamento. No grupo controle, formado por pessoas que receberam apenas o pembrolizumabe, essa taxa foi de 40%. A fadiga foi o efeito colateral mais comum relatado pelos pacientes que tomaram a vacina.
“Nosso estudo de fase 2b mostra que uma vacina de mRNA de neoantígeno, quando usada em combinação com pembrolizumabe, resultou em tempo prolongado sem recorrência ou morte em comparação com pembrolizumabe sozinho”, disse o investigador sênior do estudo Jeffrey Weber, em comunicado.
No estudo, os voluntários receberam vacinas personalizadas que levaram cerca de seis a oito semanas para serem desenvolvidas. Ao projetar uma vacina contra o melanoma, os pesquisadores tentaram desencadear uma resposta imune a proteínas anormais específicas, chamadas de “neoantígenos”, produzidas por células cancerígenas.
Como todos os voluntários do estudo tiveram seus tumores removidos, os pesquisadores puderam analisar suas células em busca de neoantígenos específicos para cada melanoma e criar uma vacina “personalizada” para cada paciente. No fim, cada vacina pôde reconhecer até 34 neoantígenos.
Como resultado, foram produzidas células T específicas para as proteínas neoantígenas codificadas pelo mRNA. Essas células T poderiam então atacar qualquer célula de melanoma que tentasse crescer ou se espalhar.
As células T do sistema imunológico são capazes de atacar vírus e também cânceres. Entretanto, as células são capazes de desligar, fugir e evitar respostas imunes. Imunoterapias como o pembrolizumabe agem tornando as células cancerígenas mais “visíveis” e vulneráveis às células imunológicas.
A vacina da Moderna como melanoma usa a mesma tecnologia do imunizante da empresa desenvolvido para covid, o RNA mensageiro, um primo químico do DNA que fornece instruções às células para a produção de proteínas. As vacinas de mRNA contra o câncer são projetadas para ensinar o sistema imunológico a reconhecer as células cancerígenas como diferentes das células normais.
O melanoma é o tipo mais agressivo de câncer de pele. Seu alto risco de evolução para metástase o torna um dos mais letais. Nos últimos anos, as imunoterapias se tornaram uma esperança para o tratamento desse tipo de câncer. No entanto, elas não funcionam para todos os pacientes porque as células do melanoma podem se tornar resistentes à imunoterapia. Por esse motivo, os pesquisadores analisaram a adição de vacinas adaptadas para atingir as proteínas envolvidas no câncer.
Os resultados preliminares de estudos com a nova vacina levaram a FDA, agência que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, a conceder a designação de terapia inovadora ao imunizante mRNA-4157/V940 em combinação com pembrolizumabe. Essa designação tem como objetivo acelerar as revisões dos resultados dos testes.