Por Redação O Sul | 27 de junho de 2025
Frustrados com os aplicativos de namoro, como Tinder, Match e outros, solteiros estão desembolsando quantias consideráveis por serviços especializados para encontrar pares, os matchmaking de alto padrão.
São consultores, casamenteiros, que fazem uma ampla pesquisa antes de indicarem possíveis “pretendentes”. Numa busca ativa bem diferente dos algoritmos dos apps de namoro ou pegação que até pouco tempo atrás não paravam de crescer entre os jovens.
“Tivemos o maior mês de vendas da história da empresa no mês passado, e já estamos no mercado há 15 anos”, contou Adam Cohen-Aslatei, CEO do serviço de matchmaking Three Day Rule. “Nosso negócio não está encolhendo.”
E ele não está sozinho. A demanda por serviços de namoro personalizados está crescendo, segundo o relato de várias empresas, com clientes citando o “cansaço dos apps” e o desejo de uma conexão significativa como as principais motivações para abandonar os aplicativos de namoro e suas deslizadas de dedo para aceitar ou rejeitar um possível pretendente.
Os matchmakers (ou casamenteiros profissionais) têm como objetivo encontrar parceiros românticos compatíveis para relacionamentos sérios ou casamento. Os membros são avaliados antes do primeiro encontro, com checagens de antecedentes criminais e registros de casamento, e muitas vezes são combinados com base em preferências como altura ou religião.
O serviço voltou ao centro das atenções com o sucesso do filme Amores Materialistas, da produtora A24 sobre uma casamenteira poderosa (interpretada por Dakota Johnson) dividida entre um pretendente rico (Pedro Pascal) e um pobre (Chris Evans) em sua própria vida amorosa. O filme foi escrito pela diretora Celine Song, que já trabalhou como casamenteira na cidade de Nova York.
O fim de semana de estreia do filme nos EUA arrecadou US$ 12 milhões, tornando-se a terceira maior bilheteria da A24, atrás apenas de Guerra Civil e Hereditário.
Os aplicativos de namoro on-line, com seu interminável sistema de swipes (deslizadas de dedo) e a constante possibilidade de alguém “melhor” estar a um clique de distância, têm se tornado cada vez mais frustrantes para alguns usuários.
E os encontros presenciais muitas vezes não correspondem às expectativas criadas no ambiente digital.
“É um pesadelo”, disse Christine Russo, moradora da cidade de Nova York, sobre os apps de namoro. “É exaustivo, especialmente se você realmente está investindo tempo, esforço e energia nisso enquanto trabalha em tempo integral.”
O número de usuários pagantes do Tinder, da Match Group, caiu por oito trimestres consecutivos, e a expectativa é de que o negócio só volte a crescer em receita em 2027.
Elliot Galpern, ex-usuário do Three Day Rule, conheceu sua atual esposa por meio do serviço e não se arrepende do valor de quatro dígitos que pagou. Sua casamenteira o ajudou com sugestões de roupas para o primeiro encontro e dicas para aumentar a autoconfiança.
“Hoje em dia, você não consegue conselhos úteis sobre namoro”, diz Galpern.
No entanto, o serviço não oferece garantia de sucesso, e o fracasso pode ser ainda mais frustrante por conta do alto custo.
“Se uma das combinações – ou todas – não der certo, você meio que está ferrada”, diz Paige, professora do ensino fundamental que pagou US$ 7 mil por nove meses em um serviço e agora está no terceiro. “É muito dinheiro por um namorado. É estranho.”
Epidemia de solidão
As inscrições aumentaram visivelmente entre homens de 23 a 30 anos, segundo Michelle Frankel, dona da NYCity Matchmaking, que atribui essa mudança às oportunidades perdidas de namoro durante a pandemia.
A tendência surge paralelamente às discussões sobre uma “epidemia de solidão e, bem, os homens também sentindo isso”, disse Greg Johnson, diretor de estratégia da empresa de matchmaking Kelleher International.
A NYCity Matchmaking precisou contratar três novos matchmakers nos últimos três meses para atender à demanda.
“Eu percebi a tendência e sabia que estávamos ficando cada vez mais ocupados”, diz Frankel. “ E, com esse filme estreando, tenho certeza de que vamos ficar ainda mais.” As informações são da agência de notícias Bloomberg.
