Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2025
O religioso recorreu da condenação e continua em liberdade
Foto: DivulgaçãoO cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu, condenado à prisão por envolvimento em um escândalo de corrupção no Vaticano, afirmou que participará do Conclave para a escolha do novo papa mesmo com a Santa Sé tendo-o excluído da lista de eleitores. A declaração foi dada ao jornal italiano L’Unione Sarda, na terça-feira (22).
Becciu renunciou aos direitos ligados ao cardinalato em 2020, após ser alvo de uma investigação que apurou irregularidades na compra de um imóvel de luxo em Londres, na Inglaterra. Na ocasião, o Vaticano anunciou que o papa Francisco havia aceitado a renúncia.
Segundo as investigações, em 2014 o Vaticano gastou mais de US$ 200 milhões na aquisição do imóvel. Parte do dinheiro utilizado deveria ter sido destinada a obras de caridade. A compra foi assinada por Becciu, que, na época, atuava como chefe de gabinete do papa. Além disso, o religioso também teria desviado recursos para a diocese da sua cidade natal, na Sardenha, beneficiando membros da própria família.
Em dezembro de 2023, Becciu foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão, além da inabilitação perpétua para cargos públicos, por peculato e abuso de poder. A decisão foi proferida pelo Tribunal do Vaticano. O religioso recorreu da decisão e continua em liberdade.
Ao jornal L’Unione Sarda, Becciu afirmou que já viajou a Roma e que participará do Conclave para eleger o sucessor de Francisco. Segundo ele, seus direitos continuam válidos, já que foi convidado a participar de um Consistório sobre reformas no Vaticano em 2022, mesmo após ter renunciado.
“O papa reconheceu que minhas prerrogativas de cardeal permanecem intactas, já que não houve uma vontade explícita de me excluir do Conclave nem um pedido para minha renúncia explícita por escrito”, disse o cardeal.
Em 2022, o Vaticano confirmou que Becciu foi convidado por Francisco para participar do Consistório, mas esclareceu que os “direitos do cardinalato não se referem à participação na vida da Igreja”.
Becciu também afirmou que a lista divulgada pelo Vaticano com os nomes dos cardeais aptos a participar do Conclave não tem valor legal e deveria ser desconsiderada.