Domingo, 16 de novembro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia Cargos de liderança nas montadoras: mulheres avançam, mas seguem com pouco espaço no alto escalão

Compartilhe esta notícia:

O tamanho do desequilíbrio em cargos do segmento no mercado brasileiro aparece nos dados da pesquisa Diversidade e ESG no Setor Automotivo. (Foto: ABr)

Na subsidiária brasileira da Volkswagen, mulheres são 13,5% do quadro funcional. Na liderança, segundo a montadora, essas profissionais passaram de 12,5% em 2021 para 25% em 2024. A engenheira de produção mecânica Flávia Tabata, que ingressou na empresa como estagiária há 17 anos, faz parte dessa fatia, em um mercado predominantemente masculino, dos cargos operacionais aos postos de comando.

Há sete meses, Tabata está à frente do posto de supervisora de Produção da Montagem Final, na fábrica de Taubaté (SP), comandando uma equipe majoritariamente formada por homens. “Fui passando degrauzinho por degrauzinho até chegar à supervisão, e ninguém teve dúvida da minha competência”, diz. “Nunca tive essa dificuldade porque a política dentro da empresa sempre me deixou muito confortável em ser uma mulher em cargos estratégicos.”

Mas, para chegar a uma posição mais alta, ela teve de enfrentar a autossabotagem por estar entre poucas mulheres líderes. “Acredito que as mulheres ainda têm receio de querer participar mais de cargos de gestão. Se tivermos medo porque tem muito homem (nesses cargos), nunca vai equilibrar esse jogo.”

O tamanho do desequilíbrio em cargos do segmento no mercado brasileiro aparece nos dados da pesquisa Diversidade e ESG no Setor Automotivo, publicada pela plataforma especializada Automotive Business, em parceria com a MHD Consultoria. A amostra, de julho de 2025, contém, principalmente, informações mapeadas a partir de empresas de autopeças, montadoras e concessionárias.

Os números apontam gêneros equiparados na fase de estágio nas companhias, e mulheres ficando para trás à medida que aumenta a hierarquia. Como trainees ou estagiárias, elas chegam a ser maioria dos ingressantes, 55%. Conforme os cargos aumentam de escalão, como diretoras, CEOs e conselheiras, o porcentual cai para 18%, 15% e 14%, respectivamente.

A BMW no Brasil é um caso de exceção ao cenário numérico. Assim como na pesquisa, as mulheres são maioria entre os estagiários, 57%, mas o comando da empresa no País é exercido desde 2023 pela mexicana Maru Escobedo, primeira mulher a ocupar o posto na subsidiária brasileira. Procurada pelo Estadão, a gestora não comentou sobre o tema.

Em nota enviada ao Estadão, a BMW afirma que “a igualdade de gênero é uma realidade crescente no BMW Group Brasil, que tem em sua liderança máxima uma mulher”. “Entre as posições de liderança diretamente subordinadas a ela, 50% são ocupadas por mulheres. No escritório de vendas, 31% dos postos de liderança são femininos, enquanto nos níveis operacionais as mulheres representam 37% do quadro. A presença feminina é ainda mais expressiva entre estagiários, um indicativo de que as novas gerações estão impulsionando um futuro cada vez mais equilibrado e inclusivo dentro do grupo.”

A cofundadora da consultoria para lideranças femininas Todas Group, Dhafyni Mendes, afirma que o setor automotivo é historicamente masculino desde o início da formação de profissionais ligados aos cursos de base técnica, como Engenharia e Exatas.

Com as mulheres em minoria, o chamado “viés da autoridade” é reforçado, quando elas ficam mais sujeitas a serem mais questionadas quanto às suas capacidades. “Ter mulheres como modelos de liderança inspiradoras também faz diferença para mostrar possibilidades, e (é importante) ter também os homens engajados com a pauta, atentos às potencialidades das mulheres.”

Responsável por mediar as contratações na Volkswagen, a gerente de Cultura, Diversidade e Inclusão, Evelyn Berti, já teve passagens por outras companhias automotivas como Renault e Nissan. Com base em seu tempo no mercado, ela avalia que, por muito tempo, o segmento automotivo foi “uma caixa fechada”, com mulheres conseguindo cargos mais altos em recursos humanos, vendas e marketing, enquanto funções consideradas de “competências críticas”, como posições de engenharia, passavam por vieses que priorizavam homens.

Segundo ela, com as montadoras expandindo suas bases no Brasil, foi possível de modo geral inserir mais mulheres. Recentemente, para a fábrica da Volkswagen de Taubaté, por exemplo, a produção do modelo Tera gerou 260 novos empregos, dos quais 40% foram ocupados por mulheres, por meio de vagas afirmativas. Além de haver um trabalho de atração, o desafio é fazer com que essas profissionais vejam possibilidades reais de progressão de carreira.

Em 2022, a Volkswagen do Brasil firmou uma parceria com o Bradesco para captação de R$ 500 milhões vinculados a metas de ESG, incluindo o aumento de mulheres na liderança. O acordo estabeleceu que, até 2024, a presença feminina em cargos executivos deveria subir para 26%, e para 25% nos cargos de gerência. A empresa não informou, porém, se o objetivo numérico foi atingido.

Dirigida por um homem, o executivo Gonzalo Ibarzábal, a Nissan Brasil realizou, em setembro, a quinta edição do encontro Nissan Mulheres. O evento, anual, visa incentivar o debate e a reflexão sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no setor, além de compartilhar resultados das ações para equidade desenvolvidas pela montadora.

Entre 2021 e 2025, a participação de mulheres nos cargos efetivos da empresa no Brasil cresceu de 19% para 24%. No Complexo Industrial de Resende (RJ), o número de trabalhadoras saiu de 9,6% para 21%. Nos cargos de liderança (diretoras e gerentes), as mulheres somam, neste ano, 22,5%.

A diretora regional de Comunicação Corporativa para a América Latina, Luciana Herrmann, faz parte do comitê global que discute essas políticas. “É uma indústria machista, sim, mas porque vem de base”, analisa. “(As políticas para equidade de gênero) são importantes porque elas permitem que criemos um ambiente propício ao desenvolvimento de mulheres, para que não exista preconceito.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Cientista traduz pensamentos em palavras usando ressonância magnética
Seis hábitos que aumentam o risco de AVC e como mudar, segundo médico
https://www.osul.com.br/cargos-de-lideranca-nas-montadoras-mulheres-avancam-mas-seguem-com-pouco-espaco-no-alto-escalao/ Cargos de liderança nas montadoras: mulheres avançam, mas seguem com pouco espaço no alto escalão 2025-11-15
Deixe seu comentário
Pode te interessar