Terça-feira, 27 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de maio de 2025
Instituição aposta em tecnologia, modernização e crescimento da capacidade assistencial para transformar o acolhimento de PCDs neurológicos no Brasil
Foto: DivulgaçãoReferência nacional no acolhimento e reabilitação de pessoas com deficiência neurológica e motora de alta complexidade em saúde, a Casa Menino Jesus de Praga inicia 2025 com um plano estratégico robusto. Com um investimento expressivo, captado por meio de emendas parlamentares, editais do Ministério Público e doações de pessoas físicas e jurídicas, a instituição aposta na modernização tecnológica e expansão da capacidade de atendimento, visando um serviço cada vez mais eficiente e humanizado.
Com 41 anos de atuação, a Casa não apenas se consolidou como modelo de assistência no Brasil, mas também lidera a discussão sobre a necessidade de uma política pública nacional voltada ao acolhimento em saúde de PCDs. Atualmente, a instituição conta com 100 leitos, atendendo 55 pacientes.
No monitoramento em tempo real, as assistentes visualizam na tela as principais informações dos pacientes, como batimentos cardíacos, saturação e temperatura. Foto: Divulgação
“Muitas dessas pessoas permanecem em leitos hospitalares por longos períodos, sem receber os cuidados especializados que necessitam, o que compromete a eficiência do sistema hospitalar. Aqui na Casa, os acolhidos têm assistência permanente e qualificada, em um ambiente estruturado, humanizado, voltado à reabilitação e, em alguns casos, ao cuidado paliativo”, destaca Arno Duarte, diretor executivo da instituição.
Em uma estimativa de 12 meses, o acolhimento de 55 pacientes com alta dependência clínica na Casa evita a ocupação de aproximadamente 20.075 dias em leitos de UTI hospitalar, o que permite que cerca de 2.007 pessoas em situação aguda sejam atendidas na rede hospitalar pelo SUS. Essa atuação demonstra o papel estratégico da instituição na desospitalização humanizada e no alívio da sobrecarga do sistema público de saúde, otimizando recursos de altíssimo custo e ampliando o acesso ao cuidado intensivo para quem realmente precisa.
Inovação e tecnologia para um atendimento mais seguro
Com o investimento de R$ 4 milhões nos próximos 24 meses, a instituição está implementando diversas inovações tecnológicas com o objetivo de elevar os padrões de qualidade e segurança assistencial.
Entre as principais iniciativas:
Sistema de gestão integrada com prontuário eletrônico completo, garantindo rastreabilidade, agilidade e segurança no atendimento;
Monitoramento em tempo real dos sinais vitais e ventiladores mecânicos, promovendo respostas clínicas mais rápidas;
Uso de inteligência artificial para análise de deterioração clínica e no suporte à gestão medicamentosa, otimizando a segurança clínica;
Capacitação da equipe em tecnologia e inovação para garantir uma transição digital eficiente e humanizada.
“A tecnologia vem para potencializar o nosso cuidado, sem jamais substituir o elemento humano. O foco é garantir um atendimento mais seguro, ágil e com mais qualidade para os acolhidos”, reforça Duarte.
R$ 3 milhões em obras estruturais em 2025
Paralelamente à transformação digital, a Casa já investe R$ 3 milhões em melhorias físicas que permitirão ampliar a capacidade imediata e qualificar a estrutura existente.
Os recursos estão sendo aplicados em:
Ampliação de 10 leitos de internação;
Instalação de um tanque de oxigênio, garantindo mais autonomia e segurança;
Novo elevador hospitalar para camas e macas;
Reforma da área administrativa, que foi transformada em um espaço de coworking para ampliar a integração das equipes.
Projeto “Casa do Futuro” prevê ampliação para 134 leitos e investimento estimado em R$ 20 milhões
A Casa de Saúde também projeta a ampliação de sua estrutura para 134 leitos nos próximos anos. A proposta é evoluir para uma estrutura hospitalar completa, capaz de absorver a demanda crescente gerada pelo avanço nas discussões sobre a tipificação do modelo de acolhimento em saúde para pessoas com deficiência, tema que atualmente tramita como projeto de lei e tem ganhado força nacional.
A estimativa de investimento é de R$ 20 milhões, que serão captados via emendas parlamentares e editais públicos e internacionais.
Sustentabilidade e apoio da sociedade
Apesar do avanço em inovação e estrutura, os recursos obtidos estão vinculados a áreas específicas. Para manter o funcionamento da Casa, é necessário apoio contínuo para despesas operacionais como alimentação, higiene, medicamentos, vestuário, folha de pagamento e manutenção assistencial.
O custo médio mensal por acolhido gira em torno de R$ 30 mil, cobrindo equipe multidisciplinar, estrutura e insumos médicos.
Para isso, a Casa aposta em:
Programa “Amigos da Casa”, com doações recorrentes (https://www.amigosdacasa.org.br/);
Parcerias com hospitais, universidades e institutos de pesquisa;
Ampla articulação com o setor público e privado para garantir a sustentabilidade do modelo.
“Nosso compromisso é garantir que nenhum paciente fique desamparado. Para isso, é fundamental o engajamento da sociedade e o reconhecimento, por parte das políticas públicas, da relevância desse modelo de cuidado especializado”, reforça Duarte.
O gestor destaca que o modelo assistencial da Casa representa uma alternativa altamente especializada e sustentável para o cuidado de pessoas com deficiência neurológica e motora de alta complexidade.
“Nosso trabalho vai além do acolhimento. Oferecemos reabilitação, cuidado paliativo e um ambiente humanizado, que respeita a dignidade de cada indivíduo e proporciona qualidade de vida com segurança clínica e suporte permanente de equipe multiprofissional”, completa.