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Política Caso Marielle: ao Supremo, a Polícia Federal diz que imagens que poderiam levar a assassinos foram ignoradas por delegados indiciados

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Rivaldo Barbosa (E) e Giniton Lages (D), além de comissário, são suspeitos de obstrução de Justiça; eles negam. (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal (PF) entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório complementar sobre obstrução de investigação do caso Marielle. A corporação ratificou o indiciamento dos delegados Rivaldo Barbosa e Giniton Lages, além do comissário Marco Antonio de Barros Pinto, o Marquinhos.

A Polícia Federal afirma que agentes da cúpula da Polícia Civil agiam juntos pra atrapalhar as investigações sobre os assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Segundo o relatório, imagens de câmeras de segurança que poderiam ter ajudado os assassinos a serem encontrados de forma mais rápida, não foram buscadas de propósito.

O relatório de 87 páginas apresenta novos elementos que, para a PF, apontam que os três tentaram esconder os assassinos.

Essa investigação de obstrução passou a ocorrer em paralelo com o inquérito da Polícia Federal que acusa os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes do crime e o delegado Rivaldo Barbosa como mentor dos assassinatos.

Os investigadores analisaram documentos e o conteúdo dos celulares apreendidos em março deste ano na operação que prendeu os irmãos Brazão.

A Polícia Federal também ouviu novos depoimentos, entre eles, o do atual secretário de Polícia Civil – Marcus Amim. Na época, Amim trabalhava na delegacia de Vicente de Carvalho.

Ele disse aos investigadores que, uma semana depois das mortes de Marielle e Anderson, encontrou Rivaldo e deu sugestões para o caso. Mas Rivaldo teria se negado a ouvir e orientado que ele procurasse Giniton Lages.

Marcus Amim afirma que encontrou Giniton por acaso e indicou que só cinco pessoas poderiam estar pos trás da execução do crime.

Entre elas estavam o capitão Adriano que, segundo Amim, saía do Condomínio Floresta, em Rio das Pedras, para promover suas execuções, e Ronnie Lessa, que segundo o então delegado, saía da região do Quebra-mar ou de sua casa na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca.

Lessa e Élcio de Queiroz foram presos em 2019 como os autores do assassinato. Os dois confessaram o crime e fecharam acordos de colaboração premiada.

O relatório da PF concluiu que Giniton tinha conhecimento desde o início da investivação de que Ronnie Lessa era, no mínimo, potencial suspeito, de modo que foram captadas as imagens do Quebra-mar e do Condomínio Floresta. Só que, segundo o relatório, os policiais não avançaram na captação de imagens na Avenida Lúcio Costa, na orla da Praia da Barra, o que, de acordo com a Polícia Federal, reforça que de fato Giniton tinha prévio conhecimento de que Lessa saiu do Quebra-mar, mas não quis avançar na captação da real origem dos executores.

Amim teria alertado ainda que a chave para desvendar o crime estaria nas imagens de câmeras de segurança que gravaram o percurso do carro usado para perseguir e matar as vítimas. Mas, segundo a PF, Giniton ignorou as informações. Aos investigadores, ele afirmou não se lembrar da conversa com Marcus Amim.

As imagens que mostram o Cobalt prata usado no crime no Quebra-mar só passaram a fazer parte do inquérito da Polícia Civil depois de uma denúncia anônima, sete meses depois.

O relatório também aponta que há ausência injustificada de imagens da rota de fuga dos criminosos do Centro de Convenções Sulamérica, na Cidade Nova, que fica só a 450 metros do local do crime.

Pista falsa

Nos primeiros meses depois do crime, a Delegacia de Homicídios também perseguiu uma pista falsa: apontava como suspeito o miliciano Orlando Curicica, a partir do depoimento do ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha. Ferreirinha depois confessou que as informações prestadas eram falsas.

No depoimento que prestou à Polícia Federal, Marcus Amim contou que quando houve a imputação do crime a Orlando Curicia, reencontrou Giniton e alertou que o suposto suspeito não tinha condições de promover a execução.

Segundo o relatório da PF, quem conduziu a combinação de versões foi o comissário de polícia Marco Antônio de Barros Pinto, o Marquinho, apontado como braço direito de Giniton.

Amim relatou que disse a Giniton que Curirica era “bronco, frouxo e não tinha capacidade pra realizar a execução”.

O novo relatório é assinado pelo delegado da Polícia Federal Guilhermo de Paula Machado Catramby. Ele pede que a Procuradoria-geral da República ofereça denúncia contra os acusados.

Giniton e Marco Antônio de Barros Pinto estão afastados de suas funções como policiais civis enquanto durarem as investigações. Rivaldo Barbosa está preso na Penitenciária Federal de Brasília.

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