Sábado, 25 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de outubro de 2025
O índice de pessoas diagnosticadas com sífilis no Brasil vem crescendo ano a ano. O boletim de acompanhamento da doença, divulgado pelo Ministério da Saúde, revelou que em 2024 foi alcançado o maior índice da série histórica: 120 casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes.
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível que continua a desafiar a saúde pública e os serviços de prevenção. Apesar de curável, ela pode causar graves complicações neurológicas, cardiovasculares e congênitas quando não tratada.
A sífilis também pode ser transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez ou o parto, e em casos raros, por transfusão de sangue ou contato direto com lesões ativas, conhecidas como cancro duro”, alerta o infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Basta uma única exposição sexual, seja vaginal, anal ou oral, com uma pessoa infectada para a transmissão ocorrer”, alerta o especialista.
Os dados mostram que o País registrou mais de 1,5 milhão de infecções adquiridas entre 2010 e junho de 2024, com um pico de casos especialmente no Espírito Santo, que chegou ao índice de 212 diagnósticos para cada 100 mil.
Apesar disso, com a redução de casos de sífilis congênita e de detecções em gestantes, o número total de casos caiu no Brasil, mas em um ritmo bem mais lento do que era esperado. Em 2024, foram notificados 256 mil casos de sífilis adquirida, 89 mil em gestantes e 24 mil casos de sífilis congênita, com 183 óbitos totais relacionados à doença.
“O desafio é garantir o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno, especialmente entre gestantes durante o pré-natal. Os dados mostram que estamos avançando e que o trabalho conjunto está salvando vidas”, afirma Pâmela Cristina Gaspar, coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde.
O diagnóstico é simples e pode ser feito com testes rápidos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Eles detectam anticorpos no sangue e permitem o início imediato do tratamento. A testagem é considerada essencial no pré-natal para evitar a forma congênita da doença.
A infecção costuma ser silenciosa. Na fase inicial, aparece uma ferida chamada cancro duro, que desaparece espontaneamente. O desaparecimento da lesão, porém, não representa cura. Sem tratamento, a bactéria permanece ativa e progride para estágios mais graves.
Prevenção contínua
O tratamento da sífilis é simples e eficaz, feito com penicilina benzatina, antibiótico de baixo custo. A cura é sempre possível, desde que o paciente siga rigorosamente a dosagem e o esquema de tratamento indicado pelo médico, além dos exames de acompanhamento.
A reinfecção, porém, é possível, já que ter tido a doença não confere imunidade permanente. Com isso, a prevenção continua sendo o principal instrumento de controle. O uso regular de preservativos e a realização de testes de rotina são medidas que evitam o avanço da infecção. O rastreamento também é indicado para parceiros de pessoas diagnosticadas.
Para Chebabo, “a informação e o diagnóstico acessível são as ferramentas mais poderosas para enfrentar a sífilis. É hora de falar abertamente sobre sífilis, combater o estigma e garantir que cada indivíduo tenha acesso ao conhecimento e ao cuidado que merece”.
O problema se agrava nas regiões com menor acesso a exames e profissionais especializados. Em áreas rurais e periferias urbanas, o diagnóstico tardio tem contribuído para o aumento da transmissão vertical, quando o bebê é infectado pela mãe.
O especialista aponta que o silêncio em torno da doença impede que pessoas busquem tratamento por medo de julgamento social. As informações são do Metrópoles.