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Política Decisão de deputados do Centrão de por as mãos no bilionário projeto do submarino nuclear assusta almirantes

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A Marinha do Brasil é de longe a Força mais preocupada com as movimentações do Centrão

Foto: Marinha do Brasil
A Marinha do Brasil é de longe a Força mais preocupada com as movimentações do Centrão. (Foto: Marinha do Brasil)

Após mudar o comando do Exército e enfrentar os ataques às sedes dos três Poderes em Brasília, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê surgir novos desafios em sua relação com os militares. O primeiro deles é o preenchimento de cargos de estatais ligadas a projetos estratégicos da Defesa. Em seguida, está o destino da empresa Avibrás, responsável pelos projetos de mísseis das Forças Armadas. E, por fim, estão as promessas do governo sobre a previdência militar às entidades de praças sem que oficiais generais fossem consultados.

A Marinha do Brasil é de longe a Força mais preocupada com as movimentações do Centrão. Elas passam pela nomeação das diretorias da Nuclep, das Indústrias Nucleares do Brasil e da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar). Petistas querem substituir o contra-almirante Carlos Henrique Seixas, visto como homem ligado ao ex-ministro das Minas e Energia, o almirante Bento Albuquerque, que trouxe escondidas na bagagem de sua comitiva joias milionárias para Jair Bolsonaro.

Seixas, no entanto, conta com o apoio do deputado federal Aureo Ribeiro (SD-RJ), que pressiona o governo pela manutenção do almirante ou, caso não seja possível, pelo direito de indicar o novo presidente da estatal. Não se trata de uma empresa qualquer. Com sede em Itaguaí, no Rio, a Nuclep é uma das empresas envolvidas no Prosub, o programa de submarinos da Marinha. Ela está trabalhando no chamado Bloco 40, seção onde ficará o reator do protótipo, em terra e escala real, do primeiro Submarino de Propulsão Nuclear do Brasil (SN-BR) – só ele deve consumir mais R$ 17,5 bilhões antes de ser lançado ao mar.

Programa

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha conta ainda com a Itaguaí Construções Navais. O reator do submarino está sendo primeiro feito em terra. Sua montagem está no Centro Experimental Aramar, da Marinha, em Iperó (SP), no chamado Laboratório de Geração Nucleoelétrica (Labgene). Posteriormente, todo o sistema será replicado no submarino. Após ele, os turbogeradores, o motor elétrico e outros sistemas similares aos do submarino nuclear serão testados pelo Labgene.

Os equipamentos devem ser validados de forma segura antes de instalados a bordo. A previsão da Marinha é que o submarino seja colocado no mar em 2034. O projeto já custou R$ 35 bilhões. Atualmente, apenas cinco países do mundo têm submarinos nucleares. Antes de assumir o comando da Força Naval, o almirante Marcos Sampaio Olsen foi diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM).

Olsen esteve com Lula em Itaguaí, na quarta-feira, dia 22, com quem almoçou e teve uma conversa a sós. O receio da Marinha é que as verbas do Prosub sejam capturadas por aliados do Centrão. Em 2017, no governo de Michel Temer, três deputados federais do Rio fizeram uma ofensiva para capturar a empresa. Não conseguiram. A solução após a exoneração de Jaime Wallwitz Cardoso – que dirigiu da Nuclep de 2003 a 2017 – foi nomear o contra-almirante Seixas.

Nuclep

Além do submarino nuclear, a Nuclep é a única empresa do Brasil a ter a certificação ASME-3, da Sociedade Americana de Engenharia Mecânica para a fabricação de componentes nucleares. Trata-se de um selo que precisa ser renovado. Almirantes temem consequências da nomeação de alguém descompromissado com a empresa, como a perda do selo ASME-3. Um deles afirmou à coluna: a Nuclep não é uma simples caldeiraria. Ela trabalha com ações de longo prazo, que precisam de continuidade.

A Nuclep está ainda envolvida na construção de plataformas de petróleo e de equipamentos da usina nuclear Angra 3 – ela fabricou os condensadores e os acumuladores da usina – e foi responsável pela troca dos geradores de vapor de Angra 1. A Eletronuclear, que cuida das usinas nucleares do País, é dependente da Nuclep, cujo plano de privatização foi suspenso por Lula. Almirantes mantiveram reuniões no Arsenal de Marinha na semana passada.

Enquanto Lula não bate o martelo sobre a direção das empresas envolvidas nos projetos da Marinha e no programa nuclear brasileiro, o destino de outra empresa preocupa os militares brasileiros. Trata-se da Avibrás, responsável pelo projeto do míssil tático de cruzeiro brasileiro: o AV-TM300, sem o qual não há como o país exercer uma defesa segundo o princípio antiacesso/negação de área. Ela é ainda parte do projeto do Mansup, o míssil antinavio de superfície, o primeiro desse tipo de armamento desenvolvido e produzido no Brasil, sem depender de equipamentos estrangeiros.

Atualmente, o Mansup está na fase de transformação de protótipo em produto capaz de ser produzido industrialmente, a chamada “produtação”. Já foram feitos vários disparos – é o tipo de arma crucial para a Defesa do País. Ele pode ter clientes mundo afora, assim como o AV-TM-300, que deve ser operado pelo Exército em lançadores Astros, fabricados pela mesma empresa. O Exército já investiu mais de R$ 100 milhões no desenvolvimento do míssil, cuja importância foi demonstrada na guerra da Ucrânia.

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https://www.osul.com.br/centrao-bilionario-projeto-submarino-nuclear/ Decisão de deputados do Centrão de por as mãos no bilionário projeto do submarino nuclear assusta almirantes 2023-03-27
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