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Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro disse “aqui está minha família”, enquanto abraçava o amigo Jorge Oliveira e a mãe dele, Marília. O gesto foi feito na presença de sua equipe ministerial, durante cerimônia de posse do policial militar da reserva no comando da Secretaria-Geral, em junho. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
No salão nobre do Palácio do Planalto, o afago público foi compreendido pela maior parte dos assessores presidenciais. A mensagem era clara: a confiança que Bolsonaro deposita no amigo extrapola a relação puramente profissional.
Nos oito meses à frente do cargo, o major, como é chamado por Bolsonaro, tornou-se o principal conselheiro político e peça-chave nas principais decisões de governo.
Ele também se converteu em um canal de acesso de integrantes do Judiciário e do Legislativo ao Executivo, o que deve ser ampliado com as mudanças recentes feitas pelo presidente na equipe ministerial.
Bolsonaro trocou o político Onyx Lorenzoni pelo general Walter Souza Braga Netto na Casa Civil. Com isso, as quatro pastas com status de ministério que ficam no Planalto têm militares em seu comando — três deles são generais.
Jorge é visto como um ministro que atua no estilo “soft power”, conciliador e aberto a diálogo.
Com isso, ele conseguiu costurar acordos e viabilizar entendimentos —uma habilidade adquirida durante a sua atuação como assessor parlamentar na Câmara dos Deputados que lhe rendeu na bancada bolsonarista e na equipe econômica a alcunha de “ministro informal da Casa Civil”.
O apelido, que é refutado com veemência por Jorge, foi criado após o enfraquecimento de Onyx, que foi transferido na quinta-feira (13) para o Ministério da Cidadania.
Jorge chegou a ser convidado para assumir a Casa Civil, mas recusou o convite.
Com a ausência de ministros com experiência congressual no Palácio do Planalto, assessores presidenciais avaliam que, inevitavelmente, sobrará para ele também parte da função de articulação com o Congresso.
Pela amizade antiga com Bolsonaro —desde 2003—, o ministro é consultado por aliados do presidente sobre a opinião do mandatário a respeito de temas diversos, desde medidas do governo a declarações polêmicas.
Jorge tem também sido procurado em busca de aconselhamento por auxiliares em “maus lençóis” com o presidente, como foi o caso de Gustavo Canuto, demitido no início do mês do Ministério do Desenvolvimento Regional.
O chefe da Secretaria-Geral é um dos poucos com poder de influência sobre o presidente e com acesso à sua vida pessoal.
Quando é chamado para despachos administrativos, frequenta aos finais de semana o Palácio da Alvorada, em encontros que acabam se estendo em almoços.
Ele tem ainda o apoio dos filhos mais velhos do presidente, tanto pela sua fidelidade como pela sua discrição.
A amizade de longa data lhe rendeu o convite para ser padrinho de casamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em maio do ano passado, no Rio de Janeiro.
Além do gabinete ministerial, no quarto andar do Palácio do Planalto, Jorge tem à sua disposição uma sala no terceiro andar, próxima à do presidente, destinada à sua atividade como chefe da SAJ (Subchefia de Assuntos Jurídicos).