Segunda-feira, 10 de novembro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia Chefe do Banco Central passa de “menino de ouro” de Lula a alvo de críticas na cúpula do poder em Brasília

Compartilhe esta notícia:

Galípolo mantém contato próximo com o presidente e ainda não recebeu ataques diretos do petistas, que eram cotidianos na gestão de seu antecessor, Roberto Campos Neto. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

No último domingo de setembro, um dia de sol forte em Brasília, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, juntou-se a integrantes do primeiro escalão do governo e ao presidente Lula para participar de uma corrida de comemoração aos 95 anos do Ministério da Educação (MEC).

Em trajes esportivos bem diferentes das roupas formais que usam no dia a dia, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o economista engataram uma conversa que rapidamente desaguou em um debate sobre a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano.

Enquanto esperavam a largada na frente da sede do MEC, o chefe da autoridade monetária tentou justificar para a ministra o patamar da taxa, segundo testemunhas. Gleisi não se convenceu dos argumentos e rebateu.

Responsável por tornar pública a colaboração de Galípolo com o PT ao levá-lo a um jantar com empresários durante a pré-campanha presidencial de 2022, a ministra tem argumentado que não há sentido em manter uma taxa de juros (descontada a inflação) real de 10%, mesmo argumento usado por integrantes do governo.

O episódio ilustra como as discussões sobre a taxa de juros passaram a dominar a preocupação dos principais integrantes do governo, que veem no tema um possível obstáculo para Lula em sua disputa pela reeleição no ano que vem, com o desaquecimento da economia.

Depois da conversa entre Gleisi e Galípolo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC fez mais uma reunião na última quarta-feira e novamente manteve os juros em 15%. Foi o suficiente para que a ministra, que sempre age alinhada com o pensamento de Lula, passasse a fazer críticas nominais ao chefe do BC.

“Eu acho que deixou a desejar, entendeu? O Galípolo. Deixou a desejar”, afirmou, em entrevista à Agência Estado.

Até então as críticas de Gleisi, assim como as de outros ministros, não citavam o presidente do BC.

Com a Selic no maior patamar desde o primeiro mandato de Lula e sem previsão para o início da queda na taxa, o presidente já autorizou as críticas aos juros em discursos públicos, e as reclamações nos bastidores também são frequentes.

Mas, apesar da frustração, Galípolo mantém contato próximo com o presidente e ainda não recebeu ataques diretos do petistas, que eram cotidianos na gestão de seu antecessor, Roberto Campos Neto.

O atual chefe do BC ganhou nos últimos anos a confiança de Lula, que já o chamou de “menino de ouro”. Chegou ao comando da autoridade monetária em janeiro deste ano, na primeira mudança na presidência do órgão desde a aprovação da autonomia operacional, em 2021. Mas manteve a estratégia de condução dos juros da era Campos Neto.

Sob o comando de Galípolo, o Copom entregou quatro altas de juros, no total de 2,75 pontos percentuais, e desde junho mantém a taxa em um recorde de quase duas décadas para puxar a inflação para a meta de 3%.

Na última quarta-feira, o BC renovou o compromisso com a estabilidade da Selic “por período bastante prolongado”, sem abrir qualquer brecha para o início de uma discussão sobre cortes, que devem começar só em 2026, ano eleitoral. Foi uma decisão unânime, ou seja, nenhum diretor indicado por Lula votou pela redução dos juros.

Frustração

Se, no início da gestão de Galípolo, o governo deu uma colher de chá, culpando a “herança maldita” da anterior, a firmeza do BC em manter o nível elevado dos juros por longo período azedou a relação. O sentimento no Planalto hoje é de “frustração” em relação às expectativas alimentadas com a indicação de Galípolo. Além de Gleisi, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já chegou a dizer que os juros “nem deveriam estar em 15%”.

Pessoas que ocupam cargos de alto escalão na Esplanada dos Ministérios afirmam que a queixa é geral e que as cobranças pela queda da Selic têm sido mais duras nos bastidores. Quando é questionado sobre juros, Galípolo costuma usar argumentos técnicos para explicar a posição da autoridade monetária.

Um dos pontos sempre lembrados é que pior que o juro alto é a disparada de preços, especialmente para as classes mais baixas. Ele costuma dizer também que aceitou o posto para atuar de acordo com a sua consciência.

As projeções de inflação, usadas para calibrar a dosagem dos juros, ainda estão acima da meta de 3% até o segundo trimestre de 2027 (3,3%), segundo o comunicado do Copom desta semana. O objetivo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado em que o governo tem dois dos três assentos, tem um limite máximo de 4,5%, mas Galípolo tem enfatizado que a missão do BC é levar a inflação para o centro da meta de 3%, não para o teto de tolerância. (Com informações do portal O Globo)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Em apenas um mês, beneficiários do Bolsa Família deram quase R$ 4 bilhões a empresas de apostas online
Com tarifaço, exportações brasileiras para Ásia e Europa crescem e batem recorde no acumulado do ano
https://www.osul.com.br/chefe-do-banco-central-passa-de-menino-de-ouro-de-lula-a-alvo-de-criticas-na-cupula-do-poder-em-brasilia/ Chefe do Banco Central passa de “menino de ouro” de Lula a alvo de críticas na cúpula do poder em Brasília 2025-11-09
Deixe seu comentário
Pode te interessar