Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de outubro de 2018
A Ucrânia inaugurou uma usina solar em Chernobyl, na última sexta-feira (5), bem diante de onde uma usina elétrica – hoje envolta por um sarcófago gigante – causou o pior desastre nuclear da história três décadas atrás.
Construída em uma área contaminada, que continua em grande parte inabitável e onde visitantes são acompanhados por guias munidos de medidores de radiação, 3,8 mil painéis produzem energia suficiente para 2 mil apartamentos.
Em abril de 1986 um teste mal sucedido no reator número 4 da usina soviética lançou nuvens de material nuclear por toda a Europa e obrigou dezenas de milhares de pessoas a se retirarem.
Trinta e um funcionários da usina e bombeiros morreram na esteira do acidente, a maioria devido a doenças agudas causadas pela radiação.
Mais tarde outras milhares sucumbiram a doenças relacionadas à radiação, como o câncer, mas o saldo total de mortes e os efeitos de longo prazo na saúde continuam causando um debate intenso.
“Não é só mais uma usina de energia solar”, disse Evhen Variagin, executivo-chefe da Solar Chernobyl LLC. “É realmente difícil subestimar o simbolismo deste projeto em particular”.
A usina solar de um megawatt é um projeto conjunto da empresa ucraniana Rodina e da alemã Enerparc AG, custou cerca de € 1 milhão e se beneficiou de tarifas renováveis que fixam um determinado preço para a eletricidade.
É a primeira vez em que se produz energia no local desde 2000, quando a usina nuclear finalmente foi fechada. Valery Seyda, gerente da usina nuclear de Chernobyl, disse que parecia que o local jamais voltaria a fazê-lo.
“Mas agora estamos vendo um novo broto, ainda pequeno, fraco, produzindo energia neste local, e isso dá muita alegria”, disse.
Dois anos atrás um arco gigantesco de 36 mil toneladas foi erguido sobre a usina nuclear para criar um invólucro para bloquear a radiação e permitir que os restos do reator sejam desmontados em segurança.
A inauguração coincide com um aumento de investimento acentuado em recursos renováveis na Ucrânia. Entre janeiro e setembro mais de 500 MW de capacidade de energia renovável foram acrescentados ao país, mais do que o dobro de 2017, disse o governo.
Yulia Kovaliv, que comanda o Conselho do Escritório Nacional de Investimento da Ucrânia, disse que os investidores querem aproveitar os benefícios de um esquema de subsídios generoso antes de o Parlamento realizar uma votação sobre sua revogação em julho do ano que vem.