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Ciência Cientista usa algoritmos para determinar, entre idosos, quem irá morrer no prazo de cinco anos

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Tempo e qualidade de vida são previsíveis, conforme a pesquisa. (Foto: Reprodução)

Economista por formação, Alexandre Chiavegatto Filho, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, sempre se interessou pelo uso de dados para a tomada de decisões, sobretudo na área da saúde, onde informações podem ser decisivas para salvar vidas. Ele é o criador de algoritmos capazes de prever riscos de morte. As informações são do jornal O Globo.

1. Quais técnicas de inteligência artificial você usa nos seus experimentos?

Hoje, o machine learning (aprendizado de máquinas) domina a área de inteligência artificial, mas nem sempre foi assim. O que é a inteligência artificial? São máquinas tomando decisões que a gente identifica como inteligentes. Antes, as máquinas tomavam essas decisões com regras estabelecidas por humanos. Hoje, os algoritmos aprendem sozinhos. Com base nos dados, eles vão entendendo as regras para identificar, por exemplo, quem vai morrer nos próximos cinco anos ou quantos dias de vida um paciente terminal tem.

2. É possível prever quando uma pessoa vai morrer?

Sim. Nós mostramos, em pesquisas recentes, que, mesmo com poucos dados, o nosso algoritmo é capaz de identificar, entre idosos, quais irão morrer nos próximos cinco anos. Em outra pesquisa, conseguimos predizer quanto tempo de qualidade de vida pacientes com doenças terminais têm pela frente.

3. Como é feita a previsão de quem vai ou não morrer em cinco anos?

Essa pesquisa começou como um tutorial científico de como desenvolver algoritmos na área da saúde. A primeira base era de apenas mil pessoas, mas agora trabalhamos com cerca de 500 mil pessoas, acompanhadas por mais de dez anos. Coletamos desde dados socioeconômicos e de comportamento, até informações bioquímicas, como resultados de exames de sangue e urina. Juntando tudo isso, o algoritmo aprende a interação de fatores que leva ao óbito. Sempre soubemos que as pessoas não morrem apenas por um fator, mas por uma interação deles. São fatores socioeconômicos, comportamentais, genéticos, de doenças, que interagem de forma imperceptível para o cérebro humano, mas que os algoritmos conseguem captar.

4. Como esses algoritmos podem ser usados nos hospitais?

A inteligência artificial pode ajudar na tomada de decisão em todos os momentos do contato do paciente com o sistema de saúde. Desde a entrada, na triagem de pacientes por prioridade, seguindo pelo atendimento médico, auxiliando os diagnósticos e no preenchimento do prontuário eletrônico. Hoje, já há algoritmos que permitem ao médico apenas conversar com o paciente, que a coleta e o preenchimento dos dados no prontuário são automatizados. No fim, as máquinas podem ajudar na decisão de altas médicas e de reinternações.

5. Será que a tecnologia será bem recebida pelos pacientes?

Esses algoritmos já estão presentes, sem as pessoas perceberem. O livro que você está lendo, provavelmente foi a recomendação de um algoritmo. A série que está assistindo, foi um algoritmo. Nos aplicativos de relacionamento, sua futura esposa ou marido, quem decidiu foi um algoritmo.

6. Além de entrar em pânico, o que o paciente pode fazer ao ser informado que vai morrer em cinco anos?

Essa informação pode auxiliar intervenções médicas e cirúrgicas e na melhoria de fatores de risco, como alterações no estilo de vida. Ninguém morre só porque é sedentário ou porque não se alimenta bem. Existe uma interação complexa de fatores. Então, identificando o alto risco de morte em cinco anos, o paciente precisa fazer uma melhoria geral, com medidas preventivas focadas no que está pior. E no caso dos pacientes em estágio terminal, a predição ajuda na decisão pelos cuidados paliativos. Será que é melhor ficar no hospital, com tratamentos dolorosos até o último segundo de vida, ou ir para casa, aproveitar os últimos dias com os familiares?

7. A inteligência artificial será uma ferramenta ou substituirá os médicos?

Em algumas áreas elas realmente serão substitutas, mas, na saúde, não. Decisões de vida ou morte, literalmente, precisam de um ser humano responsável. Eu jamais permitiria que o meu algoritmo tomasse uma decisão de vida ou morte, porque, se ele errar — e eles eventualmente erram, os algoritmos não são perfeitos —, o responsável sou eu.

8. Mas já existem algoritmos melhores que os humanos no diagnóstico de doenças.

É como um exame de sangue para diagnosticar o diabetes. Se um médico olhar para o paciente e tentar fazer o diagnóstico, ele não vai conseguir. Tecnicamente, é o exame de sangue que vai identificar a glicemia. Será que o exame de sangue tirou o trabalho de algum médico? Pelo contrário, aumentou a demanda por profissionais da área. Porque a informação sobre a presença da doença não faz tanta diferença. O que importa é a orientação e o tratamento.

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https://www.osul.com.br/cientista-usa-algoritmos-para-determinar-entre-idosos-quem-ira-morrer-no-prazo-de-cinco-anos/ Cientista usa algoritmos para determinar, entre idosos, quem irá morrer no prazo de cinco anos 2018-11-04
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