Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2022
Um estudo publicado na prestigiada revista científica Nature descreve como um grupo de pesquisadores afiliados a várias instituições na China, trabalhando com um colega nos Estados Unidos, encontrou no intestino de camundongos uma bactéria que decompõem a nicotina. Os cientistas explicam no artigo como que a descoberta poderia reduzir a incidência de doença hepática gordurosa em humanos.
Pesquisas anteriores mostraram que o cigarro é a principal causa de mortes evitáveis em todo o mundo. Além de sua associação com doenças pulmonares, fumar também tem sido associado à doença hepática gordurosa.
Nesse novo esforço, os pesquisadores descobriram que um certo tipo de bactéria decompõe a nicotina no intestino de camundongos (devido ao fumo forçado) e, assim, reduz a probabilidade de desenvolver doença hepática gordurosa.
Quando as pessoas fumam cigarros, parte da nicotina chega ao intestino, levando a um risco aumentado de doença hepática gordurosa, associada a lesões e, em alguns casos, câncer de fígado.
Neste novo trabalho, os pesquisadores mediram a quantidade de nicotina que chega ao intestino comparando amostras de fezes de 30 fumantes e 30 não fumantes. Eles então fizeram o mesmo com ratos e descobriram que os resultados eram semelhantes.
Em seguida, eles esterilizaram as entranhas de vários ratos de laboratório e realizaram o experimento da nicotina novamente. Eles descobriram que os camundongos com intestinos esterilizados tinham mais nicotina em seus sistemas, indicando que pelo menos um tipo de bactéria intestinal estava quebrando a nicotina. Então, pelo processo de eliminação, eles foram capazes de rastrear a bactéria Bacteroides xylanisolvens responsável pela redução — ela estava produzindo um tipo de enzima que quebra a nicotina.
Pesquisas anteriores mostraram que o B. xylanisolven também vive no intestino humano. A seguir, os pesquisadores planejam estudá-lo e as enzimas que ele produz para descobrir se a enzima pode ser produzida comercialmente e administrada a fumantes para reduzir suas chances de desenvolver doença hepática gordurosa e, por extensão, câncer de fígado.
Cigarros eletrônicos
Chamados de pods, vaporizadores ou e-cigarettes, os cigarros eletrônicos são cada vez mais consumidos pelos brasileiros – o Ministério da Saúde estima que, em 2019, havia cerca de 1 milhão de usuários do dispositivo cuja venda é proibida no País.
Estudos vêm mostrando os riscos diversos desse hábito à saúde. Agora, uma equipe da Tufts University School of Dental Medicine, nos Estados Unidos, inclui um novo prejuízo à lista: uma maior probabilidade de ocorrência de cáries e de outros problemas odontológicos.
O estudo, publicado no The Journal of the American Dental Association, é o primeiro conhecido a investigar a associação dos cigarros eletrônicos com uma maior vulnerabilidade ao surgimento de cáries. Karina Irusa, professora-assistente de cuidados integrais da instituição americana, e colegas analisaram dados de mais de 13 mil pacientes acima de 16 anos tratados nas clínicas odontológicas de Tufts, entre 2019 e 2022.
A maioria dos voluntários afirmou não usar os pods, mas, entre os adeptos do dispositivo, os cientistas constataram uma diferença significativa nos níveis de risco da doença bucal. Os resultados mostraram que cerca de 79% dos pacientes que usavam vapes foram categorizados como tendo alto risco de cárie, em comparação a quase 60% do grupo de controle — composto por aqueles que não consumiam cigarros em geral.