Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 10 de setembro de 2016
Astrônomos descobriram um “resto fossilizado” do princípio da Via Láctea, que contém estrelas com idades muito diferentes. A descoberta vai ajudar a ligar o passado e o presente da história da nossa galáxia.
Os pesquisadores encontraram fortes evidências da existência de dois tipos distintos de estrelas em Terzan 5, um aglomerado situado a 19 mil anos-luz de distância na constelação de Sagitário. Os corpos estelares descobertos teriam não apenas uma composição diferente, mas uma diferença etária de cerca de 7 bilhões de anos. A Via Láctea tem cerca de 12 bilhões de anos.
Isso indica que, de algum modo, Terzan 5 preservou uma parte do passado distante da Via Láctea. A descoberta, realizada com a ajuda do VLT (Very Large Telescope), da ESO (Observatório Europeu do Sul), e de outros telescópios, vai ajudar a compreender melhor o processo de formação das galáxias. Terzan 5 tem sido classificado como um aglomerado globular (aglomerado estelar esférico com o interior denso e rico em estrelas antigas), desde sua descoberta, há cerca de 40 anos. Mas ele é diferente de outros aglomerados globulares conhecidos.
Segundo os pesquisadores, ele viveu períodos diferentes de formação das estrelas. “Esta hipótese requer que o antecessor do aglomerado tenha tido enormes quantidades de gás para uma segunda geração de estrelas e tenha sido muito massivo, com pelo menos 100 milhões de vezes a massa do Sol”, explica Davide Massari, coautor do estudo do INAF, Itália, e da Universidade de Groningen, Holanda.
Apesar das diferenças em relação a outros aglomerados globulares, Terzan 5 também tem características semelhantes as encontradas no bojo galáctico, a região central altamente compacta da Via Láctea. Essas semelhanças indicam que o aglomerado é um dos mais antigos blocos de estrelas da nossa galáxia.
Mapa das estrelas.
Desvendar os mistérios da Via Láctea também movimenta os cientistas brasileiros. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, em colaboração com colegas nos Estados Unidos, produziu um mapa detalhado mostrando a distribuição cronológica das estrelas da galáxia.
Os cerca de 130 mil astros mapeados, localizados no halo da Via Láctea, são estrelas antigas, em etapa bastante avançada de evolução, na qual brilhos intensos e constantes são gerados pela fusão de hélio em carbono. Para facilitar a visualização da distribuição espacial das estrelas conforme a idade, os pesquisadores brasileiros produziram uma animação em três dimensões.
As estrelas mais antigas são mais azuladas, cujas idades são estimadas em cerca de 12 bilhões de anos e ficam na região central da Galáxia. Conforme se distanciam do centro, as estrelas vão sutilmente se avermelhando, porque são mais jovens, com idades que, no limite do halo, não passariam de 9,5 bilhões de anos. Esse espaço temporal vale apenas para as BHBs (Blue Horizontal-Branch Stars); estrelas de outras classes podem apresentar idades muito menores, como o próprio Sol, que possui, supostamente, 4,6 bilhões de anos.
O estudo da região que reúne as estrelas mais velhas, por exemplo, pode trazer informações importantes para o entendimento da composição química do Universo jovem e de sua evolução ao longo do tempo.