Terça-feira, 09 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de abril de 2016
Astrônomos usaram a super-rede de radiotelescópios Alma, instalada no deserto do Atacama, no Chile, para observar o disco de formação planetária em volta da estrela TW Hydrae, na constelação de Hidra. Ela é jovem, tem cerca de 10 milhões de anos, e está a 175 anos-luz daqui. Trata-se do disco mais próximo da Terra nesse estágio primordial e tem uma vantagem adicional: podemos observá-lo “de cima”, o que permite que os astrônomos percebam vários detalhes no disco.
O mais interessante deles, contudo, está na região central. Um anel escuro onde provavelmente um planeta como a Terra – ou talvez uma superterra – esteja se formando. O anel representa exatamente a mesma região que o nosso mundo ocupa no Sistema Solar, a faixa localizada a uma unidade astronômica da estrela-mãe.
O Alma já havia observado outro disco semelhante em torno da estrela HL Tauri. No entanto, a 450 anos-luz de distância, era impossível discernir nela a região onde planetas como o nosso poderiam estar nascendo. Esta é, portanto, a primeira vez que testemunhamos de fato um mundo potencialmente rochoso em fase de construção.
Mais planetas podem estar em formação.
É possível ainda notar dois anéis mais escuros e largos. O primeiro deles está na região onde, aqui no Sistema Solar, temos Urano. O segundo, mais ou menos na faixa em que Plutão reside. Seriam eles outros planetas em formação? É provável, mas os cientistas ainda não conseguem definir. Eles também aventam a possibilidade de que as manchas escuras representem “engarrafamentos” de gás e poeira gerados pelas regiões em que uma dada substância, por conta do calor, deixa de ser sólida para virar gás.
Nada descarta que o primeiro desses anéis maiores seja a frente de transição do monóxido de carbono, e o segundo seja o da transição do nitrogênio molecular. O mais interno, a uma unidade astronômica, talvez represente o da água, mas essa associação ainda é mais incerta, de acordo com os pesquisadores, que publicaram seu trabalho no Astrophysical Journal Letters.
De toda forma, são observações como essa que nos dão a convicção de que finalmente os astrônomos têm agora os instrumentos para compreender, em detalhes, como se dá a formação de planetas – algo que durante séculos foi apenas alvo de hipóteses. Finalmente chegou a hora de saber.